capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/09/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.762.387 pageviews  

O Outro Lado Porque tudo tem dois, menos a esfera.

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A gente se pergunta se está perdendo algo. Mas não está!
12/06/2018 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

É tão difícil obter uma informação sobre táticas ou estratégias do PSDB, bastidores sobre conversas, entendimentos feitos na surdina virtuosa — falo sobre bastidores, negociações legítimas, corriqueiras em política — que os analistas se perguntam, às vezes, se não estamos diante de um novo modo de exercitar essa arte que começou faz um tempinho na Grécia Antiga.

Sim, eu me preocupo: vai que seja incompetência nossa, que as coisas estejam acontecendo de forma vertiginosa, por baixo dos panos, e que não estejamos percebendo.

Mas penso, por outro lado, que, fosse assim, os tucanos de alta plumagem não estariam igualmente na seca, não é?


PUBLICIDADE


Por enquanto, Geraldo Alckmin, pré-candidato do partido à Presidência, fala muito pouco com jornalistas e, tudo indica, menos ainda com seus pares de partido.

Uma quase-reclamação de FHC, registrada em reportagem da Folha nesta terça, é bastante eloquente:

“Não falei recentemente com ele (Alckmin), nem seria o caso, mas não é certo que, quando necessário, ele não fale comigo, pronta e civilizadamente”.

Pois é.

Sim, Alckmin vive um momento delicado.

O PSDB, já escrevi aqui tantas vezes, acabou sendo a legenda que mais sofreu desgastes com o razia provocada pela Lava Jato na classe política.

Há um repúdio injustificado ao partido, que, por óbvio, afeta o pré-candidato.

Digo ser injustificado porque ainda que se queira citar o flagrante armado contra Aécio Neves como um emblema do desastre que colheu a legenda, cumpriria lembrar aqui que a principal liderança do PT está na cadeia.

E, como sabemos, não obstante, Lula tem 30% das intenções de voto no primeiro turno e venceria qualquer adversário no segundo.

Ainda que fosse verdade tudo o que se diz sobre todos os partidos e políticos acusados, o estoque de pecados do PT seria infinitamente maior.

Os petistas gostam de se divertir com a ideia de que os tucanos enfrentam tais dificuldades em razão da maldição do “golpe”, como eles chamam, fantasiando, a destituição de Dilma Rousseff.

É uma bobagem sem sentido.

O lava-jatismo doidivanas marcou a testa de praticamente todos os partidos e líderes.

Se o PT conseguiu se sair melhor, isso se deve a dois fatores:

a: o partido resolveu enfrentar a Lava-Jato, tendo a figura de Lula como símbolo da resistência; em contraste, o PSDB procurou cortar a cabeça de Aécio na esperança de que o eleitorado reconhecesse a diferença de tratamento como coisa virtuosa. Não aconteceu.

b: ao sustentar a tese de que todos os partidos são igualmente corruptos, a Lava Jato abriu caminho para a ressuscitação do PT.

Afinal, dizem os companheiros, o partido fez o que todos faziam, mas Lula é o único grande líder preso, o que seria sinal de perseguição.

Desde o começo da saga lava-jatista, os tucanos foram reverentes a seu espírito.

Um espírito que, no entanto, destrói a própria noção de política.

O PSDB não conseguiu se livrar, até agora, desse fardo

O tucano Geraldo Alckmin chegou a ter, vamos dizer, um primeiro movimento de notícias virtuosas com a escolha de especialistas na área econômica que vão construir o eixo de seu programa de governo.

Lá estão duas pessoas de altíssima competência: Pérsio Arida e Edmar Bacha, homens que ajudaram a trazer à luz o literalmente salvador Plano Real.

Como isso significa um compromisso com a racionalidade, com a matemática e com a modernização da economia, imaginou-se que ali estava o início de um ciclo de notícias virtuosas.

Mas nada mais aconteceu depois.

O problema é que o desaire que toma conta da vida pública é principalmente político.

Quando a economia passa a ter uma tradução eleitoral, é a conversa mole populista de extrema-direita ou de esquerda que está seduzindo parcelas da multidão.

Com uma pré-campanha mais estruturada, acho eu, Arida e Bacha poderiam e podem render muito mais.

Há ainda um tempo para o didatismo necessário: é preciso que se comece a advertir para os riscos efetivos que corremos.

E preciso entrar na rinha política, sim!

O diabo é que as pesquisas continuam muito ruins para Alckmin, como revelaram os números do Datafolha, publicados pela Folha no domingo.

Quando Lula, do PT, aparece entre os pré-candidatos, o tucano marca 6%, em empate com Ciro Gomes (PDT).

Sem o chefão petista, Marina Silva (Rede) salta de 10% para até 15%, e Ciro pode chegar a 11%.

Nas melhores simulações (para ele) de segundo turno, Alckmin empata com Ciro (31% a 32%) e com Jair Bolsonaro, em 33%.

Nas duas hipóteses, os eleitores sem candidato são em percentual maior: 37% e 35%, respectivamente.

No confronto com o ex-presidente, a derrota seria certa: 49% a 27%.

Não existirá esse cenário, ainda que o tucano chegue à etapa final, porque Lula não será candidato.

Mas uma disputa com Marina Silva, da Rede, ainda que difícil, não é impossível.

A candidata da Rede venceria qualquer dos adversários, exceto Lula, mas sua vantagem sobre Alckmin é bem maior: 42% a 27%.

Para lembrar: é de 42% a 32% contra Jair Bolsonaro (PSL) e de 41% a 29% contra Ciro.

O raciocínio que suponho existir a explicar essa retração de Alckmin é não expô-lo a isso que seria um ciclo de más notícias.

Parece-me uma escolha errada porque, no silêncio, não se faz debate político afirmativo nenhum.

Os jornalistas se limitam a colher informações de tucanos, em on e em off, tentando entender o que está em curso.

E se acaba tendo aquilo que se procurou evitar: o ciclo de más notícias.

Alckmin é uma figura respeitável, responsável, impermeável a rasgos populistas.

Deve ter um bom tempo no horário eleitoral.

O eleitorado que se identifica com o centro se angustia e, ao mesmo tempo, acaba apostando na existência de cartas na manga, que serão apresentadas na hora certa.

Não integro esse grupo.

Se houvesse, acreditem, a gente saberia.

E arremato observando que considero um erro essa conversa de que os brasileiros ainda não estão interessados em eleição.

Estão, sim!

Pela via do desalento, que é sempre um péssimo conselheiro.

Se é que essa estratégia de ficar na moita chegou a ser virtuosa, tem de chegar ao fim se o PSDB pretende mesmo estar no segundo turno.


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques