LULA, TEJE SOLTO OU TEJE PRESO? 24/06/2018
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
O próximo capítulo da novela “Prisão com Lula é górpi” estava marcado para esta terça. A Segunda Turma do Supremo julgaria pedido de suspensão da condenação de Lula e sua libertação imediata.
Julgaria: o mesmo ministro Édson Fachin que pedira a votação mandou suspendê-la.
Motivo: o TRF-4 de Porto Alegre encaminhara o processo ao STJ, e o STF não deveria interferir no tema.
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Dever, não deveria, mas já tinha interferido, lançando dúvidas em todo o país.
Ou melhor, mais dúvidas. Seria julgada só a libertação ou também a proibição de se candidatar?
Dúvidas havia até na defesa de Lula: o advogado Sepúlveda Pertence, em Brasília, pedira ao Supremo que, se não anulasse a sentença, transferisse Lula para prisão domiciliar; o advogado Cristiano Zanin, em São Paulo, dizia não ser aceitável que Lula continuasse preso, por considerá-lo vítima de injustiça.
Alguma previsão lógica?
Se no Brasil nem o passado é previsível, imagine o futuro.
Mesmo que houvesse certeza sobre a votação, não haveria sobre o seu alcance.
Mesmo derrotada a tese da anulação da sentença que o condenou, alguma concessão – como prisão domiciliar – já representaria uma vitória política para Lula.
Se o pedido fosse integralmente rejeitado, sem concessões, ficaria mais claro ainda que Lula não poderia disputar eleições.
Mas as turmas do STF são formadas por cinco ministros, há muitas decisões por 3×2, e na Segunda Turma estão pessoas que já foram muito ligadas a Lula ou ao PT.
Isso não significa que seu pedido seria aceito – nem essa certeza existe – mas que seria possível algum tipo de atenuante da punição.
Previsível é apenas a posição de Lula: continuará dizendo que é candidato, até que seu registro seja negado.
O ADVERSÁRIO 1
Quem será o candidato de Lula à Presidência?
Muita gente pensa que, depois da falta de gentileza de Dilma, que fez questão de se candidatar à reeleição em vez de ceder a vez a Lula, ele preferiria escolher algum nome de outro partido, que não pudesse disputar com ele o comando do PT.
Pode ser; e, afinal, Jaques Wagner, fiel entre os fiéis, tem conversado muito com Ciro Gomes, o que não faria sem a aprovação de Lula.
Mas as coisas são mais complexas: se Ciro ganha, passa a liderar toda a ala bolivariana da política brasileira, e Lula fica em segundo plano.
O PT vai conversar com Ciro até o último instante; mas seu candidato deve ser do partido, alguém abertamente fiel a Lula e que não tenha ambições futuras.
Haddad, talvez.
O ADVERSÁRIO 2
O candidato tucano Geraldo Alckmin continua parado: não teve novos apoios, não subiu nas pesquisas, não se tornou empolgante.
Mas, apesar de tudo, pode chegar ao segundo turno. E, se tiver a sorte de disputar contra radicais, pode ganhar a eleição.
Meirelles, emparedado (se for apresentado como candidato do Governo, é ruim; se for apresentado como oposição, é pior), não tem onde buscar apoio e é ainda menos empolgante do que Alckmin.
A tendência da maior parte do MDB – não unânime, já que haverá emedebistas dando apoio de Ciro Gomes a Bolsonaro – é aliar-se a Alckmin.
O mesmo ocorre com o DEM, o PSD, e os partidos do Centrão, PR, PTB, PP, eventualmente o PRB.
Isso dá voto?
Não, claro; mas dá tempo de TV e ajuda no essencial trabalho de acompanhar de perto a campanha e as apurações.
Urnas venezuelanas têm seus mistérios.
OS LÍDERES
Há ainda Bolsonaro.
Líder nas pesquisas, em ascensão, falta-lhe a base partidária. Seu tempo de TV é minúsculo. Pode chegar ao segundo turno (como Ciro também pode), mas precisará demonstrar sua força eleitoral.
Por enquanto, vai bem; quando a campanha começar, como fica, sem TV?
Marina é empolgante, pessoalmente, mas não tem base.
Como um cometa, aparece de quatro em quatro anos, brilha e some.
Falta-lhe o trabalho de base, a ser realizado no intervalo das eleições.
E Ciro vai bem, mas não resiste à tentação de ofender pessoas e grupos, até que se perca.
OS ALICERCES
Quem começa a trabalhar as bases, não para essas eleições, mas para o futuro, são dois grupos: o Partido Novo (que tem candidato, João Amoêdo, mas cuja força virá da proposta de um governo baseado no mérito, e não só em acordos políticos); e o RenovaBR, que busca formar líderes políticos para o futuro, independentemente de sua ideologia.
O RenovaBR dá cursos de seis meses, mais ajuda de custo, a 133 bolsistas que se comprometam com combate à corrupção, sustentabilidade e gestão fiscal responsável.
O RenovaBR foi criado pelo empresário Eduardo Mufarej (Tarpon Investimentos), com apoio de Nizan Guanaes, Armínio Fraga, Luciano Huck e outros.
É trabalho bem montado: utiliza uma plataforma Canvas, da Instructure, já testada por sólidas instituições de ensino, num ambiente virtual de aprendizado que abrange todo o país.
Os dois projetos podem funcionar – o que seria ótimo para o Brasil, num futuro não muito distante.
COMO DIZIA O POETA
O PT pensa em Dilma para o Governo de Minas, em vez de Pimentel.
Como disse Drummond, “quer ir para Minas, Minas não há mais”.