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Curto&Grosso O que ainda será manchete

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Aqui não
02/07/2018 - MENTOR NETO - ISTOÉ

Em qualquer lugar do planeta, você lê os jornais e as revistas e entende o que está acontecendo.

Sente-se parte de um todo.

Compreende que o país caminha de acordo com um mínimo de bom senso, mesmo que você não concorde com tudo o que é decidido nas esferas do poder.


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Aqui não.

Aqui cada dia é uma surpresa.

Seja Executivo, Legislativo ou Judiciário, aqui acontecem coisas que desafiam qualquer lógica ou bom senso.

Aí tem gente que não aguenta e bate panelas, resmunga, grita e quer ir às ruas.

Quer derrubar o governo.

Quer invadir o Congresso.

Quer derrubar ministros e juízes.

Quer soltar presidente preso.

Ou ainda quer militares nas ruas – que é outra coisa que não dá para entender.

São todos uns ingênuos.

Já deveriam ter entendido que esse é o país do Aqui Não.

Porque tudo que é Assim no resto do mundo, Aqui Não.

Vou pegar um exemplo dessa semana:

Em qualquer lugar do planeta, um sujeito condenado a uma pena de 30 anos fica preso.

Aqui não.

Aqui os ministros Toffoli, Gilmar Mendes e Lewandowski decidiram soltar José Dirceu.

E olha que não é coisa pouca o que o levou em cana.

Os recursos de Dirceu no Tribunal Regional Federal da 4ª Região já haviam se esgotado.

Dirceu começou a cumprir sua pena em 18 de maio, na prisão em que deveria ficar pelas próximas três décadas.

Uma, pelo menos, com bom comportamento.

Em qualquer lugar do planeta, uma decisão tomada após tantas instâncias, que consumiu tanto dinheiro de impostos, deve ser respeitada e – caso seja alterada – precisa de muita discussão.

Aqui não.

Aqui um processo que levou anos, envolveu dezenas de profissionais, infinitos recursos, em apenas uma tarde, por decisão de três ministros do STF, virou pó.

Puf!

Toffoli alegou um problema de “dosimetria”.

Para o ministro, imagino, 30 anos é muita coisa para alguém que surrupiou os cofres públicos por atacado, como ficou provado nesse caso.

Em qualquer lugar do planeta, seria lógico pensar que, se um Ministro da Suprema Corte considera 30 anos muito tempo para um canalha qualquer ficar atrás das grades, talvez imagine que o mais justo seriam 20 anos.

Ou quem sabe 15 anos?

Aqui não.

Aqui os 30 anos de Zé Dirceu se transformaram em três meses.

Pode ir para casa, Zé.

Ok!

Talvez eu esteja sendo leviano.

Não foi exatamente isso o que aconteceu.

Foi pior.

Ocorre que a Segunda Turma do STF, além do trio ternura, ainda conta com os votos de Edson Fachin e Celso de Mello. Esse último não estava presente e o penúltimo pediu vista ao processo.

Ou seja, Fachin pediu mais tempo para analisar e entender a mágica que justifica que um condenado a 30 anos saia livre depois de três meses.

Em qualquer lugar do planeta, seria razoável pensar que se um ministro pede vista num caso esquisito como esse, a situação deveria ficar como está, o presidiário condenado continuaria ali mesmo, preso, até que todos os ministros tivessem votado.

Aqui não.

Aqui o Ministro Toffoli, enquanto espera que Fachin veja lá tudo que pediu para ver, decidiu votar um habeas corpus para que Zé Dirceu pudesse sair da cadeia logo, antes do recesso do Judiciário.

Recesso do Judiciário?

Isso.

Em qualquer lugar do mundo, a Justiça precisa trabalhar ininterruptamente.

No nosso caso, com o Judiciário empilhado de processos se movendo numa lentidão comparável à Era Glacial, pareceria razoável imaginar que o trabalho fosse dobrado.

Mas aqui não.


  

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