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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A rebelião dos sargentos
02/04/2007 - O Estado de S.Paulo

Aos primeiros sinais da crise militar que ficou conhecida como a do apagão aéreo, advertimos em editorial que o governo cometia um erro colossal, primeiro, ao desautorizar o comandante da Aeronáutica, publicamente repreendido por querer restaurar a disciplina devida pelos sargentos controladores de vôo e, depois, por tratar como se fosse uma questão sindical corriqueira um problema que consistia em grave ameaça à segurança nacional. Durante seis meses, o governo Lula assistiu, impassível, à montagem do motim que eclodiria na noite de sexta-feira. O ministro da Defesa, que sempre manifestou total inapetência para o exercício da função, foi desde o início surpreendido pelos fatos, jamais tendo uma idéia ou atitude que colaborasse para a solução da crise. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, chefiou oito reuniões com altos funcionários - e na última, na semana passada, exigiu que seus auxiliares fixassem “data e hora” para a solução do apagão aéreo. Também estava alheio ao que se passava.

Data e hora fixaram os sargentos controladores de vôo que, desde outubro do ano passado, controlam inteiramente a situação. Na sexta-feira, para impedir a transferência de Brasília para Santa Maria, no Rio Grande do Sul, do diretor de mobilização da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo e reforçar as reivindicações de desmilitarização do serviço, aumento salarial e reestruturação das condições de trabalho, os sargentos se amotinaram.

Em minutos, paralisaram todo o tráfego aéreo nacional. Romperam os laços da disciplina e da hierarquia militar e, para que disso não restassem dúvidas, proclamaram em manifesto que não mais confiavam em seus comandantes.


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Rebeliões militares como essa são, no mínimo, reprimidas com a imediata prisão dos amotinados. Foi o que o comandante da Aeronáutica determinou que fosse feito, para ser, logo em seguida, desautorizado pelo presidente Lula que, a caminho de Washington, no Aerolula, determinou que não houvesse punições e que as exigências dos amotinados fossem atendidas.

Como o ministro da Defesa estava no Rio, os ministros do Planejamento e da Comunicação Social foram ao encontro dos rebelados - que haviam proibido a presença de oficiais militares no encontro -, aos quais apresentaram os termos da rendição do governo. Em troca, os sargentos nada prometeram. Por liberalidade, permitiram a lenta volta das operações da aviação civil, mas deixando claro que, se o governo não der seqüência prática às suas reivindicações, no ritmo que eles, sargentos, acharem conveniente, voltarão a paralisar o País.

A reiterada atitude do presidente da República, desautorizando os comandos militares, mostra que ele não compreendeu a natureza da crise e, muito menos, é capaz de perceber o mal que faz às instituições nacionais - em especial às Forças Armadas - ao desprezar os princípios basilares da hierarquia e da disciplina. Luiz Inácio Lula da Silva esqueceu-se de que, sendo presidente da República, é também comandante-chefe das Forças Armadas e, em última análise, foi a sua autoridade que os sargentos desafiaram. E que o episódio abre caminho para a perigosa politização dos meios militares - uma chaga de que a Nação imaginava ter-se livrado desde a redemocratização.

O Alto Comando da Aeronáutica reagiu à atitude do governo com patriótica serenidade. O primeiro impulso, de demissão coletiva de seus membros, foi afastado para evitar o imediato agravamento da crise. Mas os brigadeiros deixaram claro que não comandam amotinados com costas quentes. Cumprindo o que dizia a nota oficial da Aeronáutica, já no sábado os controladores de vôo não eram comandados por oficiais - a função, agora, é do Ministério da Defesa, que obviamente não está aparelhado para assumi-la.

Os acontecimentos dos últimos dias mostram um governo fraco, contaminado pelo vezo sindical e incapaz de reagir à chantagem feita por duas ou três dezenas de sargentos. Após a quartelada, o governo não terá condições políticas de impedir a instalação da CPI do Apagão Aéreo. O descalabro que começou com atrasos e cancelamentos de vôos, provocados pela greve branca dos controladores, revelou as deficiências estruturais do sistema de proteção ao tráfego aéreo e os escândalos da Infraero, agora é uma crise institucional de graves proporções. Tudo isso precisa ser minuciosamente investigado.

  

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