A garrucha e a flor 01/08/2018
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Marina Silva, candidata da Rede, à Presidência, concedeu uma entrevista ontem a um batalhão de jornalistas da GloboNews, num programa intitulado “Central das Eleições”.
Nunca antes tantos se reuniram para ouvir tão pouco de quem ainda se coloca no grupo dos nomes favoritos a figurar no segundo turno.
Peguemos dois temas considerados vitais para o futuro do país e nos quais a posição do presidente da República e fundamental: reformas da Previdência e Trabalhistas.
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A candidata acha que é preciso corrigir distorções e coisa e tal — sempre lembrando que a primeira nem sequer existe.
Mas não! Ninguém conseguiu saber o que ela pensa sobre esses assuntos.
E sobre nenhum outro.
Como já apontei aqui, “Marina é uma aventura que só não é solitária porque arrebanha alguns fiéis.
Nesse sentido, ela se parece muito com Jair Bolsonaro, embora as suas respectivas igrejas tenham credos bem distintos.”
Até a saída que usam para se esquivar de escolhas é a mesma.
Quando o candidato do PSL não tem o que dizer sobre um determinado tema, especialmente na área da economia, afirma que vai consultar Paulo Guedes, que chama, com seu particular sendo de humor, de seu “Posto Ipiranga”.
O Posto Ipiranga de Marina, como ficou claro, de novo, ontem, é “fazer o debate”, seja lá o que isso signifique.
Sua opinião sobre os óbvios privilégios de que goza o funcionalismo, especialmente na questão previdenciária, é um mimo do marinismo:
“No contexto de olhar todos os privilégios, eu terei uma posição de olhar o reajuste dos servidores. Vou cortar privilégios, sim (…) Sempre se pega o funcionário público como se ele fosse o bode expiatório, mas eu quero fazer o debate pegando todos os privilégios. Os servidores públicos devem também fazer seu sacrifício, dentro do conjunto da obra, olhando para todos. Agora, isoladamente, aí fica injusto.”
Você não entendeu nada?
Nem eu.
Nem ela.
Acho que Marina apenas quis dizer que não tem a mais remota ideia do que fazer.
Nessa disputa, em suma, ela é uma espécie de “Bolsonaro do bem”. Em vez de uma garrucha, tem uma flor na mão. Nem uma coisa nem outra servem para governar o Brasil.