O QUE PARECE, E O QUE É 05/08/2018
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
Aécio desistiu de disputar a reeleição ao Senado, e tenta a Câmara Federal.
Alegação: “A gravidade da situação de nosso Estado exigirá uma bancada forte e unida na defesa dos interesses de Minas”.
Verdade: Aécio temia ser derrotado. E, sem foro, é com Moro. Aécio prefere o STF.
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Alckmin escolheu uma grande vice: a senadora gaúcha Ana Amélia.
Alegação: Alckmin disse que ela sempre foi sua favorita.
Verdade: Alckmin tentou Josué Alencar, que pagaria sua própria campanha; e Álvaro Dias, para livrar-se do oponente que disputa seus eleitores.
Na falta do dinheiro de um e dos votos do outro, optou pela melhor candidata.
Os verdes se aliaram a Marina, indicando Eduardo Jorge para vice.
Alegação: “A aliança reforça o trabalho nos Estados”, disse o presidente do PV.
Verdade: ou aceitava a vice de Marina ou ficava sem nada.
O PSC, do Pastor Everaldo, retirou a candidatura de Paulo Rabello de Castro à Presidência e o indicou para vice de Álvaro Dias, do Podemos.
Alegação: “A aliança”, diz Paulo Rabello, “é o primeiro passo para acabar com a picaretagem na política.”.
Verdade: Rabello corria o risco de ter menos votos que Meirelles, pois de Meirelles se sabe ao menos que é candidato e foi ministro de Temer.
Álvaro Dias empacou nas pesquisas e não tinha um vice popular. Vai portanto de Rabello, que não é popular mas tem boa reputação e ficha limpa. Antes ao lado do que concorrendo.
ASSIM É...
A aliança de Álvaro Dias com Rabello foi rica em boas frases. O Pastor Everaldo, presidente do PSC de Rabello, disse que a principal negociação foi programática.
“O senador aceitou incorporar à sua proposta de governo nosso Plano de 20 Metas”.
Claro! E o fará assim que descobrir que metas são essas.
Renata Abreu, presidente do Podemos de Álvaro Dias, festejou a aliança: “Além de PSC e Podemos, o PRP estará na aliança”.
Álvaro Dias disse que busca o apoio do PROS. E ainda falou com ar de alegria!
...SE LHE PARECE
E Alckmin? Na Globonews, elogiou a história do PTB, que o apoia. É uma história rica, riquíssima: Roberto Jefferson, seu presidente, cumpriu pena por ser condenado no Mensalão, e é investigado pela Polícia Federal no caso da venda de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho.
FALSA FORÇA
Os candidatos medem forças pelo número de simpatizantes no Facebook e no Twitter.
Mas qual é o número?
Com a ferramenta Twitter Audit, o colunista Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br) apurou quantos simpatizantes são falsos.
No caso de Lula, 20%. De Dilma, 30% – ou seja, de 6,02 milhões de seguidores, 1,8 milhão são fake. Bolsonaro tem, entre seus seguidores, 24% inventados (pior: segundo O Globo, um secretário parlamentar de Bolsonaro, cujo salário é pago pela Câmara, é figura-chave no esquema).
Traduzindo, o caro leitor paga para o candidato ter seguidores fake. E o campeão absoluto em seguidores falsos é Alckmin, com 36%.
Pois é: contar seguidores no Facebook e no Twitter como se fossem eleitores é a mesma coisa que ficar rico no Banco Imobiliário.
FALSOS PUROS
Lula jogou pesado e, de seu escritório na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, torpedeou a candidatura de Ciro Gomes (que foi seu ministro), única possibilidade real de união dos partidos de esquerda.
A união de esquerda que podia admitir era em torno de seu nome – embora inelegível.
O PT mantém o discurso da pureza ideológica. Mas se aliou àqueles a quem chamava de “golpistas” para as disputas estaduais.
Em Alagoas, fechou com Renan Calheiros; em Pernambuco, fez o possível para rifar Marília Arraes e se aliar ao governador Paulo Câmara, do PSB (mas Marília venceu a convenção – e agora?).
No Piauí, a senadora Regina Souza, do PT, foi queimada; o partido apoia Ciro Nogueira, do PP, um dos líderes do Centrão (que, nacionalmente, está com Alckmin).
E no Ceará o PT apoia Eunício – que não apenas chamavam de “golpista” mas atacavam por ser amigo do presidente Michel Temer.
Em resumo, vale tudo, exceto aquilo que possa prejudicar a suprema posição de Lula.
ATENÇÃO ÀS MULHERES
Vale a pena prestar atenção nas duas gaúchas envolvidas na disputa pela Presidência: Manuela d’Ávila, candidata do PCdoB à Presidência, e Ana Amélia, do PP, vice de Alckmin, são adversárias, pensam diferente, mas pensam.
Manuela d’Ávila tinha sido lançada pelo PCdoB para ocupar o espaço até que o partido decidisse o que fazer, mas ocupou-o tão bem que, a menos que haja uma união das esquerdas, é candidata até o fim.
Ana Amélia é competente, ficha limpa, corretíssima (este colunista, que trabalhou com ela na Rede Bandeirantes de Televisão, é seu admirador).
E há anos é colocada pelos jornalistas entre os melhores senadores.