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Críticas Construtivas Se todo governante quer, por quê não?!!!

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Olhar à direiiita!
06/08/2018 - PEDRO ROGÉRIO MOREIRA - DIÁRIO DO PODER

Ao escolher o general da reserva quatro estrelas Hamilton Mourão como vice de sua chapa à sucessão presidencial, o capitão da reserva Jair Bolsonaro confrontou (ou revogou?) um antigo brocardo de caserna, enunciado em 1984 pelo chefe do SNI, Octavio Medeiros, numa conversa com o então presidente da República, João Figueiredo.

O dito espirituoso de Medeiros teve alguma repercussão, mas não aquela almejada claramente pelo autor da frase algo jocosa, um homem tido como baluarte do sistema militar da época.

Recordemos o contexto para a exata compreensão do brocardo.


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A conversa entre os dois generais quatro estrelas, entretida no preservado gabinete presidencial do Palácio do Planalto, em plena efervescência da sucessão de Figueiredo, foi deliberadamente vazada, com o objetivo direto de prejudicar a candidatura do ministro dos Transportes, Mário Andreazza, coronel da reserva.

Figueiredo nutria antipatia visceral pelo deputado Paulo Maluf, que ia se confrontar na convenção do partido governista, o PDS, com o coronel Andreazza.

Medeiros não apreciava ambos. Além disso, o presidente da República namorava secretamente a ideia lançada pelo governador Leonel Brizola de se adiar a eleição de 1985, com o Congresso Nacional o brindando com mais dois anos de mandato.

Brizola achava que teria mais chances de chegar ao Planalto se adulasse o general-presidente que concedera anistia política e consolidara a abertura política.

Medeiros vislumbrou na jogada de Brizola a oportunidade para melar o pleito, ainda que legalmente, pois o adiamento da sucessão sugerida por Brizola se daria por emenda constitucional. Um golpe legislativo.

Como a matreirice de Brizola não vingou, Figueiredo inclinou-se para o apoio declarado ao coronel Mário Andreazza, enquanto Medeiros insistia em embaralhar o jogo sucessório.

Foi então que se deu a conversa entre o presidente andreazzista e o chefe do SNI, cujo teor completo não se conhece, pois veio a público apenas a parte que interessava ao general Medeiros, isto é, o brocardo de caserna.

O qual tinha endereço direto: o Exército, parte não integrante do colégio eleitoral, mas influente na conjuntura e, fato não menos importante, ter como sólido e irremovível pilar a hierarquia, mãe da ordem.

– João, disse Medeiros, com a intimidade de amigo do presidente – você já viu general bater continência para coronel?

O final desta anedota verídica está na História: Tancredo Neves, com a ajuda do próprio PDS, anulou a esperteza de Brizola e venceu Maluf no colégio eleitoral.

Medeiros, um excelente militar e aprendiz de feiticeiro, baixou o facho.

Os tempos são outros, os generais que se sucederam no Exército batem continência para os civis desde 1985 e não há indício de que deixarão de fazê-lo, embora as fake news torçam em contrário.

E poderão bater continência agora para um paisano, porém sólido e irremovível capitão da reserva.

Se isto ocorrer, não seria, na história político-militar brasileira, o primeiro caso de capitão ser reconhecido como maioral.

Na década de 1920, o movimento rebelde que tumultuou o sertão brasileiro para derrubar a República Velha, era no início conhecido como Coluna Miguel Costa-Prestes.

Miguel Costa era major, e Luiz Carlos Prestes (depois fundador do Partido Comunista), capitão.

No entanto, para a História, a sedição militar foi carimbada como Coluna Prestes, pois o capitão superou-se na hierarquia e até era tido pelo povo como herói naquela época incendiária.

O Exército, até hoje, não aprecia o capitão Prestes.


  

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