História e lenda convivem, mas reparando bem não se confundem. Quando os comunas destronaram Nicolau II, o último Czar, em 1917, a Praça Vermelha já existia e assim conhecida desde os tempos de Ivan III.
Tudo o que se vê por lá ainda hoje já existia. Exceto, o Mausoléu de Lênin e as sepulturas de alguns hierarcas como Stálin e de uns poucos heróis como Gagárin ou de intelectuais como Gorky.
Kremlin quer dizer Fortaleza. Moscou, a capital da Rússia desde 1147, era ainda uma cidade muito vulnerável. O Kremlin então foi construído, incendiado, refeito, robustecido, com essa finalidade.
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As muralhas da Fortaleza, residência da família real, medem 2.500 metros de comprimento e altura entre 05 a 19 metros. Só o canhão do Czar, construído em 1586 por ordem de Teodoro 1º, pesa 40 toneladas. Tem 890 milímetros de calibre. Cada bala tem peso correspondente a 800 quilos.
A Praça se chamaria Vermelha por estar localizada no coração da cidade. Outra versão dá conta de que em russo arcaico a palavra “krasnaya”, que serviu para denominar algo bonito, se traduzia também como vermelho. Assim, tudo que fosse vermelho seria bonito.
A maledicência, talvez, tenha criado a versão de que o vermelho da praça tenha tido a ver mesmo com sangue, nada a ver com o coração da cidade, mas com um massacre de milhares de pessoas reprimidas num protesto, em 1698.
E houve também quem dissesse que era ali na Praça Vermelha que Ivan III, antecessor do Terrível, mandava executar os condenados à morte.
Faz lembrar o logradouro ludovicense, o qual tem a denominação oficial de Praça da Alegria, mas que antes se chamava Praça da Misericórdia e depois se soube que no antanho mais antanho era conhecido como Largo da Forca Velha.
Oportuno consignar que tanto em relação a Moscou quanto a tais versões em São Luís do Maranhão, há controvérsias.
Mas então de onde saiu o vermelho ainda hoje imperante em todas as construções nesse território de 23 mil metros quadrados que até hoje é a praça? Deixa prá lá.
Importante saber que isso tudo que está em Moscou, à exceção do Mausoléu de Lênin e da Necrópole em derredor da muralha do Kremlin, já existia quando os comunas tomaram o poder na Rússia, em 1917.
O tempo curto e muita coisa ainda para olhar não me desviaram a curiosidade. Foi como se diante da muralha enorme eu estivesse revendo em câmera lenta um velho filme colorido e chapiscado que em todo outubro de todo ano mostrava em televisões do mundo inteiro a velha guarda soviética – Kruschev, Brejeniev, Chernenko e quejandos, não necessariamente nessa ordem, assistindo desfiles militares quase intermináveis, na verdade demonstrações de forças emolduradas por tanques de guerras e ogivas nucleares como se avisasse a nós outros do lado de cá – estão vendo? Não se metam conosco.
Há o sol, pai de toda cor. E há o tempo – para sempre o senhor da razão.
Nada é para sempre.
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*Advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.