ESTÃO VIVOS MAS MORRERAM 15/08/2018
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
Carmen Navarro Rivas recebeu todos os documentos que atestam a morte de seu filho, Hélio Luiz Navarro de Magalhães.
Mas, há mais de 40 anos, tem certeza de que ele continua vivo, com nova aparência e outro nome.
Hélio Luiz, diz o jornalista e professor Hugo Studart, em livro ontem lançado no Rio, é um morto-vivo: foi preso na Guerrilha do Araguaia e delatou os velhos companheiros para continuar vivendo.
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"Borboletas e Lobisomens", o livro, diz que, apesar da ordem do presidente Médici de matar todos, seis outros guerrilheiros foram poupados em troca de colaboração.
E, para que não fossem mortos como vingança, anunciou-se que mortos já estariam.
O livro provocou duros protestos de famílias dos guerrilheiros citados: dizem que é falso.
O jornalista Fernando Portela, autor de ótimos livros sobre a guerrilha, disse que jamais ouvira falar de guerrilheiros poupados: todas as suas fontes garantiram que nenhum sobrevivera.
Mas é difícil, prossegue, dizer que é falso um livro tão detalhado, com tantas fontes.
Há informações que são verificáveis, como:
“Com o falecimento de seu pai, em 1999, Hélio Luiz se apresentou à Receita Federal, em 8 de agosto de 2001, com sua verdadeira identidade, a fim de regularizar o CPF e liberar inventário.
Ato contínuo, forneceu à Justiça documento no qual abria mão dos direitos sobre o imóvel no qual seu pai residia com a segunda mulher, Elza da Costa Magalhães”.
Há documentos?
É buscá-los.
A GUERRILHA
O PCdoB, Partido Comunista do Brasil, defendia a luta armada contra o regime militar; e organizou a Guerrilha do Araguaia, que resistiu a duas ofensivas militares convencionais e foi destruída pela terceira, na qual a ordem era extrair informações dos guerrilheiros aprisionados, fosse como fosse, e depois matá-los, levando os corpos para destino desconhecido.
Diz Studart, no livro, que num pequeno hiato de poder, quando Médici passou a presidência para Geisel, houve gente poupada em troca da delação.
TODOS OS DETALHES
O capítulo 19 do livro de Studart narra essa história, com nome, codinome e fotos dos guerrilheiros apontados como mortos-vivos.
LULA OU HADDAD?
O prazo final para o registro dos candidatos à Presidência é neste dia 15.
Espera-se que o PT tente registrar Lula como seu candidato, sabendo embora que é inelegível, para que haja impugnação, recursos, embargos, e a coisa se arraste até 15 de setembro, fim do prazo de programação da urna eletrônica.
O objetivo é colocar nome e foto de Lula na urna, mesmo que o candidato seja Haddad, para que o eleitor vote em Haddad pensando que vota em Lula.
Há um risco: se o TSE recusar o registro de Lula, encerra-se a manobra.
Há um risco maior: o TSE recusar o registro e rejeitar qualquer substituição.
Nesse caso, o PT deixa de ter candidato à Presidência.
MEDO DE TUMULTO
O setor de Inteligência de Brasília está preocupado com a possibilidade de tumultos na cidade durante a reunião do Tribunal Superior Eleitoral.
O MST programou a “marcha a Brasília”, tentando reunir cinco mil pessoas em frente ao tribunal para manifestar-se por Lula.
O temor é de que a marcha vise tumultuar Brasília, com invasões, fogo nas ruas, depredações e invasão de prédios públicos – o que já ocorreu em casos semelhantes.
Dois mil homens deverão cuidar da segurança da cidade contra a bagunça.
CORRIDA FRENÉTICA
A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais, Abrig, promove na próxima quarta-feira, com a Fundação Getúlio Vargas, um debate entre os coordenadores dos programas de governo de todos os candidatos à Presidência da República.
A ideia é ótima – mas deve estar provocando pânico nos diversos comitês de coordenação de campanha.
O programa de governo normalmente é a última preocupação do candidato, e só é feito para cumprir tabela, caso um jornalista queira saber se existe.
Em geral é um programa genérico, em que se defende o aumento dos salários, o crescimento econômico, a redução de despesas do Governo, a redução das desigualdades sociais e da mortalidade infantil e a vitória do bem sobre o mal.
Mas arranjar coordenadores de planos de governo de uma hora para outra, e prepará-los para que enfrentem um debate, é mais complicado.
PAGANDO TUDO
Imagine o coordenador do plano de Ciro mostrando onde vai buscar o dinheiro para limpar o nome de alguns milhões de cidadãos.
Ou de Alckmin, explicando como o Centrão vai ajudar a baixar as despesas do Governo.
Ou de Bolsonaro, achando verbas para abrir colégios militares às centenas.
Ou de Boulos, provando que enfim temos um novo Lula.