A fadiga do Exterminador do Futuro 26/08/2018
- JORGE OLIVEIRA - DIÁRIO DO PODER
Pelas projeções das últimas pesquisas, Bolsonaro só não perde no segundo turno para Haddad, ex-prefeito de São Paulo, se confirmada a candidatura dele para presidente da República.
Isso mostra que o capitão bateu no teto a pouco mais de um mês das eleições.
No segundo turno, Alckmin, Marina e Ciro Gomes chegam a ter o dobro dos votos do Bolsonaro, quando confrontado com ele.
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Ou seja: eleitores de todas as tendências não querem o capitão na Presidência.
Pode parecer curioso que ele ganhe do Haddad no segundo turno, mas não é.
O Lula ainda tem uma montanha de votos, mas o PT está desgastado no Brasil.
A pesquisa mostra, então, que a transferência de votos de Lula para Haddad não é uma coisa tão simples como a petezada pensa.
O caso da Dilma foi um caso à parte, quando Lula a elegeu presidente.
Dilma ocupava cargos importantes, foi atribuído a ela os principais projetos de infraestrutura no Brasil, venderam a imagem de uma mulher austera, competente e boa administradora e a rotularam de “Mãe do PAC”.
Além disso, Lula estava deixando o governo com mais de 80% de aprovação.
Diante desse quadro, não foi difícil eleger um poste, uma mala sem alça que, em pouco tempo, destroçou a economia do país e terminou no olho da rua antes de terminar o mandato.
Agora é diferente.
Lula está preso e o resto da cúpula do PT dorme no presídio, não existe mais a máquina estatal para fabricar votos e o provável candidato do partido, o Haddad, saiu de uma derrota no primeiro turno quando disputou a reeleição com o Dória.
Mesmo que Lula se vitimize, e mesmo que algum integrante da ONU interfira indevidamente no processo eleitoral do país para defender a sua candidatura, o tempo de campanha não seria suficiente para que o eleitor assimilasse o nome de Haddad como o verdadeiro herdeiro dos votos de Lula, principalmente nas regiões Norte/Nordeste.
Haddad, porém, tem a seu favor o fato de os candidatos a presidente ainda patinarem nas pesquisas.
De todos o que mais se destaca é mesmo o capitão com seus discursos extravagantes, ideias atrofiadas, descerebradas e infantilóides.
Bolsonaro pode estacionar se não apresentar propostas novas, um programa factível de governo para tirar o país do atoleiro.
Não adianta apontar para o economista Paulo Guedes, seu guru, como um super-homem capaz de resolver os problemas do Brasil num passe de mágica.
Afinal de contas, Guedes não está disputando nada e, portanto, não teria votos para se cacifar e fazer as mudanças que dependem do parlamento.
O quadro que começa a ser pintado para Bolsonaro não é dos mais floridos.
Sem dinheiro, sem programa na televisão e no rádio, sem coligação nos estados e municípios, a tendência é que a sua campanha sofra um revés quando os outros candidatos começarem a ocupar os horários eleitorais com propostas de governo.
O capitão promete que vai usar a rede social para mostrar sua plataforma política pela internet.
Considera que pode reverter a situação a seu favor usando exaustivamente todos os mecanismos que ela dispõe para compensar a sua ausência nos programas eleitorais.
O que se constata, porém, é que Bolsonaro já mostra nítidos sinais de cansaço, mesmo na dianteira das pesquisas.
Começou a cancelar compromissos em programas de rádio e tevê alegando fadiga, exaustão, subestimando os debates (“saco cheio”, como disse o presidente do seu partido Gustavo Bebianno).
Ora, para quem necessita de espaço na mídia para compensar o programa diminuto é estranho que o capitão já se sinta fraco antes de começar o primeiro tempo do jogo.
Bolsonaro estacionou nas pesquisas porque não agradou o eleitor nos últimos debates.
Não agregou mais votos além dos que já conquistou, portanto, permaneceu onde estava.
Ao se confrontar com a Marina, julgando-a frágil levou um chega pra lá quando ela o acusou de ensinar crianças a atirar.
E num país dividido entre católicos e evangélicos, Marina ganhou dos dois lados porque defendeu a família, o lar e protegeu as crianças da sanha diabólica do capitão.
Essa coisa de chamar o Posto Ipiranga (Paulo Guedes) todas as vezes que se embaraça com uma pergunta, mostra um candidato fragilizado, distante dos problemas do país, que precisa de uma muleta para governar.
A repetição de pedir socorro todas as vezes que a coisa aperta, leva o capitão a uma posição de dependência, de isolamento, de um candidato vazio, de um ventrílogo.
O tempo é curto para Bolsonaro, mas o suficiente para mostrar que ele não tem condição percorrer o país se não tiver a ajudinha de algum ricaço que coloque à sua disposição um jatinho para ele percorrer os céus desse imenso Brasil.
Nessa época de Lava Jato dificilmente algum endinheirado iria fazer essa filantropia ao candidato sob ameaça de sua vida e de suas empresas serem devassadas pela Receita Federal, pelos procuradores de Justiça e pela Polícia Federal.
Os candidatos que voam pelo país, devem estar usando dinheiro dos Fundos Eleitora e Partidário.
Ou tem recursos próprios, como Meirelles.
Diante de tanta dificuldade, o Exterminador do Futuro pode nadar, nadar e morrer na praia.