Outra vez PT X anti-PT no 2º turno 20/09/2018
- GERMANO OLIVEIRA - ISTOÉ
A história se repete há 30 anos. O PT sempre disputa o segundo turno contra uma força anti-PT. Desta vez, o anti-PT tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro.
O Ibope de terça-feira já deixou claro que o segundo turno será disputado entre Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT. Bolsonaro atingiu 28%, com viés de alta, e Haddad chegou a 19%, subindo 11% em sete dias, também com viés de alta.
Haddad recebendo votos de Lula e dos mais pobres. Já Bolsonaro está recebendo os votos da direita, da classe média, dos homens mais ricos e mais escolarizados.
PUBLICIDADE
Se nenhum milagre acontecer nos próximos 20 dias, os dois disputarão o segundo turno.
E esse quadro também foi materializado no Datafolha divulgado na madrugada desta quinta-feira.
Isto posto, parece claro que Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) estão mortos ou praticamente mortos. São mantidos apenas por aparelhos. Já Ciro Gomes (PDT) ainda respira, mas também está na UTI, praticamente sem vida.
Os outros, como Alvaro, Meirelles e Amoêdo, estão no jogo apenas para figuração, para que seus partidos façam pelo menos deputados que lhes represente no Congresso.
Assim, o segundo turno praticamente já começou, com o PT e as forças anti-PT.
Em 1989, a força anti-PT foi Collor de Mello, que venceu no segundo turno.
Em 1994, o anti-PT foi Fernando Henrique Cardoso, que contou com a ajuda da direita (PFL) e da classe média, para derrotar Lula.
Em 1998, o filme se repetiu e novamente FHC derrotou Lula, com as mesmas forças de 1994.
Em 2002, o jogo mudou a favor do PT. Lula derrotou as forças anti-PT, representadas por José Serra.
Em 2006, Lula derrotou o anti-PT novamente, que naquela altura foi representado por Geraldo Alckmin.
Em 2010, o PT de Dilma derrotou o anti-PT de José Serra.
O mesmo se repetiu em 2014, quando o PT de Dilma derrotou novamente o anti-PT de Aécio Neves.
Desta vez, se Lula não tivesse se tornado inelegível por causa do tríplex e da condenação em segunda instância, certamente o petista seria eleito novamente.
Como ele não pode participar da disputa, escolheu Haddad para a luta entre PT e anti-PT.
Só que desta vez o anti-PT não é mais o PSDB e sim Bolsonaro.
Bem que o PSDB se esforçou e lançou Alckmin para participar dessa disputa. Acontece que Alckmin não decolou.
Basta lembrar que FH não queria Alckmin no começo. Chegou a pedir João Doria e depois Luciano Huck.
Alckmin, no entanto, bateu o pé e, como presidente nacional do PSDB, exigiu ser o candidato.
Fora da disputa, o PSDB vai acabar ter que decidir entre ficar com os anti-PT (Bolsonaro) ou com o PT, que ele sempre combateu.
O PSDB, portanto, passou a ser o fiel da balança no segundo turno entre PT e Bolsonaro.
Os tucanos, considerados os coxinhas, engolirão mortadelas?
Teremos no segundo turno uma coxinha de mortadela?
Ou os coxinhas seguirão sua tradição e ficarão do lado que sempre estiveram há 30 anos, ou seja, do lado do que Bolsonaro agora representa?