Números repetem tendência a favor de Bolsonaro 03/10/2018
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
O Datafolha divulgou no começo da noite de ontem os números de sua pesquisa, com todos os questionários aplicados e tabulados na própria terça. A exemplo do que se viu na do Ibope, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, passou dos 30%: tinha 28% no dia 28 e estava ontem com 32%, com crescimento de quatro pontos percentuais. O petista Fernando Haddad oscilou um ponto para baixo: de 22% para 21%. Ciro Gomes do PDT, manteve-se com 11%, e Geraldo Alckmin, do PSDB, variou de 10% para 9%. Marina Silva (Rede) tem agora 4%, ante 5% na anterior.
Os números esboçam tendência favorável a Bolsonaro também no segundo turno. Há uma semana, ele seria derrotado por Haddad por 45% a 39%; agora, ambos estão tecnicamente empatados, mas o petista está numericamente atrás: 42% a 44% — vale dizer: um caiu três, e o outro subiu cinco pontos. Na semana anterior, Alckmin superaria Bolsonaro num embate final por 45% a 38%. Agora, a vantagem do tucano está na margem de erro 43% a 41%. Ciro vencia o homem do PSL desde 10 de setembro. Segue com o número maior, mas em empate técnico no limite da margem de erro 46% a 42%. Uma coisa é inequívoca: houve no fim de semana uma fuga para Bolsonaro.
Segundo o Datafolha, os movimentos mais expressivos em favor do candidato se deram entre as mulheres: aumento de 10 pontos entre aquelas de renda mais alta e de sete entre as de renda mais baixa. Ele oscilou entre as mulheres de 21% para 27%, enquanto Haddad, de 21% para 20%. A rejeição ao militar no eleitorado como um todo é grande, passando de 46% para 45%, mas já em empate técnico com o candidato do PT, que a viu disparar em uma semana: de 32% para 41%. No grupo das mulheres como um todo, a recusa a Bolsonaro caiu de 52% para 49%, e a de Haddad, subiu de 26% para 36%.
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BOLSONARO FALA EM VENCER NO 1º TURNO. É POSSÍVEL, MAS...
Os bolsonaristas já falam entusiasmadamente em vitória no primeiro turno. Estão ainda bastante longe disso. Caso se considere uma taxa de brancos e nulos da ordem de 10%, o candidato precisaria alcançar 45% dos votos totais, com um crescimento de 13 pontos em quatro dias, o que corresponde a 40% dos votos que ele conquistou até agora. É impossível? Convenham: nas eleições brasileiras, a única coisa impossível tem sido o bom senso. Mas, convenham, não é fácil. Há, claro, a chance de que todos os institutos estejam brutalmente errados. Ou de que se tenha uma avalanche de votos inválidos muito maior do que em jornadas anteriores. Também as pesquisas têm apontado unanimemente o seu declínio.
Mas, como é notório por ecos que chegam das redes sociais, a palavra de ordem na campanha é essa. Embora o histórico aponte que candidatos que chegam à frente no primeiro turno vencem o segundo — Collor em 1989; Lula em 2002 e 2006 e Dilma em 2010 e 2014; em 1994 e 1998, FHC venceu no primeiro turno —, isso não é uma lei da natureza ou, pra ser específico, da matemática. A disputa de segundo turno é outra eleição. Aí os erros contam bastante. Bolsonaro e Haddad terão, então, o mesmo tempo na televisão.
Para que essa vitória acontecesse, teria de haver uma migração em massa para Bolsonaro de eleitores de Alckmin, com 9%, de João Amoêdo, do Novo, com 3%, e de Henrique Meirelles, do MDB, com 2%. Ele também teria de ficar com a maioria das escolhas dos indecisos e daquela parcela que hoje diz que invalidaria o voto, mas que acaba ficando com alguém alguém na hora h.
O Ibope, que havia captado a ascensão de Bolsonaro na pesquisa divulgada na segunda, aplicou seus questionários no sábado, dia do “EleNão” e no domingo, dia do “EleSim”. O Datafolha o fez nesta terça. Os dados são praticamente os mesmos. O fenômeno pode ter estancado ou, ao menos, diminuído de velocidade, o que tornaria ainda mais remota a vitória no primeiro turno. Convenham: considerando que Haddad está na disputa há apenas três semanas, chegar ao Segundo Turno é uma proeza. Depois vem a outra batalha.