O novo picolé de chuchu 16/10/2018
- PEDRO LUIZ RODRIGUES*
Compreensivelmene, o comando do Partido dos Trabalhadores está preocupado com o sofrível desempenho de Fernando Haddad na campanha eleitoral, por sua baixa receptividade junto ao eleitorado.
Além da incapacidade de atrair novos eleitores, Haddad conseguiu a façanha de ver o índice de rejeição a seu nome alcançar níveis inimagináveis.
A pesquisa do IBOPE divulgada ontem mostrou essa rejeição em 47% (diante dos 35% atribuídos a Bolsonaro).
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Parte dessa situação pode ser atribuída ao próprio Haddad, que tem um não-sei-o-quê dos políticos tradicionais do PSDB de São Paulo, que o torna pouco convincente aos eleitores de outras partes do País.
Sem o desejo de ofender a quem quer que seja, observo que Haddad tem sido percebido pela plateia nacional como um novo Geraldo Alckmin – por sua incapacidade de empolgar o eleitorado.
Além do tom de voz parecido com o do ex-governador de SP, Haddad tem também o mesmo hábito de ficar desfiando números e realizações como gestor público, em seu caso, no MEC e na Prefeitura.
Serra, assim como Alckmin – ambos políticos de inegáveis qualidades – tinha esse mesmo problema de comunicação com os brasileiros de fora de São Paulo.
Nesse quesito, FHC, com sua sabedoria e seu charme, continua como a grande exceção num partido onde todos adoram andar de salto alto.
Mas não tenho dúvida de que a principal responsabilidade pela trajetória claudicante de Haddad nesta campanha eleitoral cabe ao próprio PT.
Não tanto pelo que está fazendo agora, em termos específicos da campanha (onde, aliás, só vejo decisões erradas, uma atrás da outra), mas pelo que fez antes, em particular na esfera corrupção.
Entre as burradas a que me referi, está a demora em definir o nome de seu candidato.
Quando o indicaram, fizeram questão de ressaltar que Haddad não era Haddad, mas um Lula transvestido.
Rejeitaram, também, uma aliança como Ciro Gomes, que agora no segundo turno manda uma banana para o PT, enquanto nos Estados o PDT debanda para o lado do adversário.
Outra desses erros foi o PT mudar a cor da embalagem de seu candidato, do tradicional vermelhão para o verde e amarelo, o que completou a alckminização de Haddad.
E de nada adiantou para o candidato, ao contrário, só piorou, trocar a marca Lula que usou no primeiro turno, pela marca Haddad.
Se não fosse o candidato de um grande partido disciplinado, cujos afiliados obedecem sem questionar as ordens de seus comandantes, por mais estapafúrdias que sejam, Haddad não teria sequer chegado ao segundo turno.
Vencer as eleições é ainda possível, desde que Haddad se disponha fazer o que deve ter feito antes de comungar recentemente: confessar.
Não os seus eventuais pecados, pois isso é coisa entre ele e Deus, mas os pecados de seu partido.
Reconhecer, como já o fez o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que o PT comandou a maior máquina de corrupção já instalada no Brasil seria um gesto apreciado.
Como penitência, aceitar a prisão dos corruptos e a devolução do dinheiro surrupiado.
É este gesto arrojado e corajoso que está faltando na campanha de Haddad.
Se assim o fizesse surgiria como o líder de um novo PT passado a limpo.