Agricultura terá como titular nome ligado ao agronegócio ou ao meio ambiente? 16/10/2018
- BLOG DE REINALDO AZEVEDO
Quando Jair Bolsonaro, futuro presidente, afirma que vai fundir as duas pastas porque pretende que elas trabalhem juntas, cabe de saída uma pergunta: quem vai comandar o ministério?
Alguém oriundo do agronegócio ou do meio ambiente? A pergunta é meramente retorica porque a gente já sabe a resposta. Só que ela não está sendo feita por um xiita do ambientalismo.
Quem a faz é alguém que tem centenas de textos em defesa da agricultura e da pecuária; que apontou, sei lá quantas vezes, o preconceito óbvio com que o setor é tratado no país, embora tenha sido ele o esteio do notável crescimento da economia nos oito anos do governo Lula e esteja na raiz da folga fiscal que permitiu implementar programas sociais.
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Então qual é o ponto?
Conversei com produtores rurais pesos-pesados. Por ora, preferem o silêncio. Veem com apreensão a fusão e têm certeza de que o arranjo tende a não dar certo.
Acham que as denúncias de agressão ao meio ambiente não tardarão a ganhar o noticiário nacional e internacional e que isso pode criar dificuldades à exportação.
Dizem ainda que a fusão aposta que o Ministério Público se quedará inerme, coisa na qual não acreditam.
Nesse particular, Bolsonaro está ouvindo o alarido de alguns produtores que ainda veem o meio ambiente como adversário da produção, daí o casamento forçado.
O agronegócio de ponta já superou essa contradição e acredita numa convivência harmônica, mas mantida a independência de cada pasta.
Bem, meus caros, se Bolsonaro continuar nessa toada, não resta alternativa que não o tempo.
Cumpre ainda lembrar que o Meio Ambiente, por incrível que pareça, tem uma abrangência muito maior na administração do que a agricultura e pecuária.
Toda a área de infraestrutura demanda licenciamento ambiental e mexe com franjas muito sensíveis da reputação do país no mundo.
Bolsonaro ainda não foi eleito, mas será. Está em tempo de recuar. Mas não vai.
Ao jornalismo de análise cumpre, entre outras coisas, fazer a advertência.
Qual o meu interesse nisso?
Bem, o máximo de terra agriculturável que tenho está em vasos na sacada do meu apartamento.
E, do ambientalismo, o máximo que coleciono são alguns petardos.
Mesmo assim, não perdi meu amor pela lógica e meu apreço pelo óbvio.