O lobo e o cordeiro 17/10/2018
- FAVECO CORRÊA - DIÁRIO DO PODER
Agora, no apagar das luzes, o candidato Haddad faz um derradeiro esforço para ludibriar os eleitores deletando o vermelho de sua campanha, que sempre foi o símbolo do seu partido. Esta tentativa cínica e hipócrita não vai colar.
Haddad tem pouco tempo para “refundar” o PT, negando o socialismo radical que sempre foi a sua base ideológica e migrando para uma posição de “social democracia”.
Só se for uma social democracia às antigas, aquela que na segunda metade do século XIX advogava o socialismo de maneira estrita, a ser atingido através da luta de classes.
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A versão original do “nós” e “eles”.
Quem tiver a paciência de ler o programa de governo escrito por Fernando Haddad e mais uns poucos membros da grei vermelha que não estão presos, vai constatar, sem sombra de dúvidas, que ele continua fiel ao ideário que deu origem ao partido em 1980, quando o cenário do mundo e do Brasil eram completamente diferentes.
Algumas pérolas do famigerado documento:
Impostos: aumentar imposto sobre exportação (pág. 41), criar imposto sobre lucros e dividendos (pág. 42) aumentar o imposto territorial rural ITR das grandes propriedades (pág. 56)
Imprensa: implantar mecanismos de regulação da imprensa e criar uma empresa pública para expor o posicionamento do governo (pag. 16).
Flash back: lembram-se do longevo Franklin Martins que desde o primeiro governo Lula queria censurar os meios de comunicação?
Pois ele está de volta. Cachorro que come ovelha só matando. Eles não aprendem.
Lava Jato: promover uma reforma do sistema de justiça para reduzir o poder de investigação do ministério público federal (pág. 6, 15).
Segurança: desmilitarização das polícias (pág. 31) e iluminação com led nas ruas (pág. 54).
Ministérios: criar 6 novos ministérios (pág. 19, 20 e 55).
Ditaduras socialistas: desenvolvimento da infraestrutura dos países do Mercosul. Leia-se Venezuela dos amigos Chaves e Maduro. (pág. 11).
Agronegócio: regulação do agronegócio para evitar a ampliação de grandes latifundiários. Implantar reforma agrária e distribuir terras ao MST e indígenas (pág. 56).
Presídios: reduzir a massa carcerária do Brasil através da liberação de presidiários (pág. 33).
Sindicatos: valorização dos sindicatos e associações dos trabalhadores (pag. 40). A coisa ficou pior ainda quando Haddad anunciou que vai revogar a reforma trabalhista, uma das grandes conquistas recentes da sociedade, e reinstaurar o famigerado imposto sindical obrigatório.
Drogas: promover a descriminalização das drogas (pág. 32).
Constituição: estabelecer um novo processo constituinte para aumentar o poder do estado (pág. 6), o que ele agora desmente.
Mais uma: aumentar a alíquota do IR para aqueles que ganham entre 40 e 60 salários mínimos. Será que o Legislativo e o Judiciário aceitariam esta tungada, logo eles que acabam de aumentar seus salários?
Haddad também pretende tributar a distribuição de lucros e dividendos, para afugentar ainda mais os empresários e investidores, dos quais tanto precisamos para gerar empregos e sair da resseção que nos afoga.
Vale desde logo comemorar algumas coisas sensacionais que já aconteceram no primeiro turno, dentre elas a fragorosa derrota de Dilma Rousseff como candidata ao Senado por Minas Gerais.
Os mineiros deram um tapa nas caras de pau de Ricardo Lewandowsky e Renan Calheiros, personagens com os quais vamos ter que conviver ainda por um bom tempo, já que o primeiro se manterá no Supremo até 2023, enquanto o outro acaba de ganhar mais oito anos de impunidade.
Comemorar também a higienização do Senado, para o qual não foram reeleitas famigeradas figuras como Romero Jucá, Eunício Oliveira, Roberto Requião, Edson Lobão e Lindberbg Farias, entre outros. Pena que a higienização não atingiu Alagoas.
O Haddadizinho paz e amor de hoje, o lobo na pele de cordeiro, que não ameaça mais subir a rampa do Palácio do Planalto com Lula, que não vai mais visitar seu padrinho na carceragem de Curitiba deixando-o entregue às traças (por enquanto), que esconde Gleisi Hoffman e que desautoriza seu líder histórico José Dirceu, subchefe e mentor intelectual da criação da maior organização criminosa que se tem notícia na história deste país, não vai vencer. Para o bem do Brasil.
Dia 28 os eleitores colocarão a pá de cal no sepultamento do PT, que por 13 anos destruiu o Brasil, afastando de vez a ameaça de uma ditadura do proletariado que a quase 40 anos paira sobre nossas cabeças.
Mas devemos ficar mobilizados até o último minuto, até que a coruja seja oficialmente pelada. O preço da liberdade é a eterna vigilância.
O Brasil não vai cair mais nesse engodo, como aconteceu em 2002, 2006, 2010 e 2014.
Estamos ressabiados.
Afinal, quem não se lembra da mais antiga fábula de Esopo, que desde o século VI antes de Cristo nos alerta para o perigo da falácia e da enganação?