Numa tática de encobrimento, parte da esquerda transformou a campanha eleitoral na peleja do diabo com o homem do céu, ou na luta do Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro.
O argumento-chave é que Jair Bolsonaro representa a ditadura militar e Fernando Haddad, a democracia. Criaram até uma frente democrática contra o “retrocesso”.
A disputa, no entanto, não envolve a derrubada de uma ditadura. É um embate entre quem quer manter o aparelhamento das instituições do Estado, usando as estruturas para enriquecimento partidário e pessoal, e quem pretende devolver o país à sociedade, apostando na livre iniciativa e na capacidade criativa de cada brasileiro.
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Dizer que não se deve votar em Bolsonaro porque ele elogiou figuras do regime militar brasileiro é o mesmo que não recomendar o voto em Haddad porque seu partido e toda a militância que o acompanha elogiam os militares de ditaduras de esquerda, como Cuba, Coreia, China,Venezuela e outras menos em evidência.
Tentam arregimentar os homossexuais e outros segmentos discriminados da sociedade, como se a discriminação, o preconceito e as matanças de gays tivessem cessado nos governos de esquerda que se sucederam no Brasil desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.
Os negros também continuaram sobrando, à exceção de Joaquim Barbosa, nomeado por Lula e relator do processo do Mensalão.
Até a ministra da Secretaria Especial da Mulher, Matilde, foi discriminada e exposta por ter usado diárias em uma viagem, quando os brancos e negros protegidos do governo petista torraram cartões corporativos até para comprar tapioca, e nada lhes aconteceu.
O brasileiro tomou a decisão de votar contra a corrupção, mas o PT e aliados, à exceção dos irmãos Ciro e Cid Gomes, não fazem autocrítica.
Preferem afirmar que nada aconteceu e eles continuam superiores moralmente.
Incentivam uma guerra de vida e morte, levando parentes e amigos a deixarem de falar uns com os outros, como se a vida se resumisse a um governo de esquerda.
A esquerda está há mais de 20 anos no poder, em aliança com caciques fisiológicos que serviram durante 21 anos o regime militar, como José Sarney e os carlistas arrependidos da Bahia, lambuzou-se no melaço e agora precisa dar um tempo para refletir sobre os erros praticados.
Alternância sempre é algo positivo, para não ficarmos muito tempo sob os pés de ditadorzinhos ideológicos.
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*É delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.