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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Vitória de Bolsonaro é eloquente, não esmagadora
29/10/2018 - BLOG DE REINALDO AZEVEDO

A vitória de Jair Bolsonaro (PSL), com 55,13% dos votos válidos, contra Fernando Haddad (PT), com 44,87%, é, por óbvio eloquente, mas não é esmagadora, como se prenunciava na semana seguinte à realização do primeiro turno.

A diferença de 10,26 pontos percentuais foi bastante encurtada em relação aos até 20 pontos registrados por alguns levantamentos.

Discurso extremista do agora presidente eleito, palestras em que um de seus filhos falava em fechar o STF e em resistir a decisões do tribunal e arreganhos autoritários da Justiça eleitoral e de forças policiais contra universidades certamente colaboraram para tirar votos do peesselista e para reforçar a posição do petista.


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Entre ambos, uma diferença de 10.756.849 eleitores. Bolsonaro obteve 57.797.423, contra 47.040.574 de Haddad.

Os números que saem das urnas impõem responsabilidade tanto àqueles que vão governar como àqueles que vão divergir.

No discurso em que admite a derrota, Haddad chegou a carregar um tantinho nas tintas dramáticas, lembrando o Hino Nacional, em que se diz que não “teme quem adora a liberdade a própria morte”…

Em princípio, parece haver aí certo exagero. O que interessa é outra coisa.

Afirmou o petista:

“Nós temos uma longa trajetória de militância, de vida pública, nós reconhecemos a cidadania em cada brasileiro, em cada brasileira, e nós não vamos deixar esse país pra trás.

Nós vamos colocá-lo acima de tudo e nós vamos defender os nossos pontos de vista, respeitando a democracia, respeitando as instituições, mas sem deixar de colocar o nosso ponto de vista, sobretudo o que está em jogo no Brasil a partir de agora.”

Quem vai governar tem de fazê-lo de acordo com as regras do jogo. E quem vai se opor também.

Fazer oposição não é sabotar o governo do adversário.

Haddad não telefonou para Bolsonaro. Este já havia dito anteriormente que também não o faria se o adversário vencesse.

Convenhamos: eles não precisam se gostar. Precisam é se respeitar.

Estou entre aqueles que consideram urgente e necessário que se fale, no país, em conciliação e pacificação.

Mas conciliar o que com o quê? Quem com quem?

Ora, nas democracias, a existência de oposição é que legitima o governo.

Devem as forças se conciliar no esforço de reconhecer a supremacia das instituições sobre os grupos litigantes.

Ora, é claro que são projetos diferentes, ainda que, nesta eleição, se tenha falado muito pouco de propostas em benefício de ofensas e mentiras estupefacientes.

Mas chegará a hora da verdade.

Ainda que Bolsonaro tenha pronunciado uma única vez a palavra “reformas” em seus dois discursos, é quase certo que venha alguma proposta para a Previdência no ano que vem.

E se deve dar de barato que as esquerdas, sindicatos e movimentos sociais tenderão a resistir.

Estou entre aqueles que consideram uma reforma necessária.

Sim, é preciso que saibamos qual será a do governo Bolsonaro.

Mas que se diga agora: desde que a eventual resistência respeite os limites impostos pelas leis a protestos, estes são legítimos e fazem parte da vida democrática.

A conciliação e a pacificação de que trato supõem apenas que os atores aceitem a arena da democracia.

O bom entendedor parece perceber que Haddad se candidata desde já a ser uma liderança do PT, agora ungido por mais de 47 milhões de votos.

Alguns hão de dizer: “Ah, isso tudo não é dele, não! Há muito voto contra Bolsonaro aí…”

É verdade!

Mas quantos votos em favor do candidato do PSL são, de fato, contra o PT?

Afirmou o candidato derrotado:

“Daqui a quatro anos, nós teremos uma nova eleição, nós temos que garantir as instituições, nós não vamos sair das nossas profissões, dos nossos ofícios, mas não vamos deixar de exercer a nossa cidadania.

Vamos estar o tempo inteiro exercendo essa cidadania e talvez o Brasil nunca tenha precisado mais do exercício da cidadania do que agora.”

Não é, no entanto, segredo para ninguém que este Haddad mais ameno, que fala a língua da institucionalidade, não é unanimidade no PT.

Seu discurso certamente encontra eco em outro líder hoje importante no partido: Jaques Wagner, senador eleito pela Bahia, com mais trânsito junto às áreas mais duras do petismo.

Dado o desastre potencial, o PT acabou se saindo bem nas urnas.

Ocorre que os votos seus, de verdade, estão mais perto dos pouco mais de 31 milhões do primeiro turno do que dos pouco mais de 47 milhões no segundo.

Aqueles que assim fizeram esperam, por óbvio, que o partido se oponha a Bolsonaro.

Mas a qualidade dessa oposição é que vai determinar a eficiência da ação.

Haddad tem a tarefa nada trivial de convencer o PT de que é o líder capaz de reconstruir a imagem do partido e de reconectá-lo com massas imensas que dele desertaram.

Pra começo de conversa, tem enfrentar uma linha-dura como Gleisi Hoffmann, presidente da legenda, que migrará do Senado para a Câmara.


  

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