BANHO FRIO 02/11/2018
- Brasil Confidencial - Rudolfo Lago - IstoÉ
O presidente eleito Jair Bolsonaro já começou a acomodar suas peças no Congresso Nacional.
E seus planos jogam um bocado de água fria nas pretensões de seu partido, o PSL, que se assanhava pelo fato de ter eleito a segunda maior bancada de deputados.
Bolsonaro pretende articular que os comandos da Câmara e do Senado fiquem com políticos mais experientes, dos partidos tradicionais, como forma de facilitar as composições que terá que fazer para governar.
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Assim, sua preferência para a presidência do Senado vai convergindo para Simone Tebet (MDB-MS).
Primeiro, ela evitaria uma vitória de Renan Calheiros (MDB-AL), que apoiou Fernando Haddad, do PT, e poderia lhe criar problemas.
Depois, ela tem pontos de contato com aliados de Bolsonaro, como o governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado, do DEM.
Líderes
Assim, para os novos senadores eleitos pelo PSL sobrarão cargos de líderes. O filho do presidente eleito, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), deverá ficar como líder do governo. E Major Olímpio (SP) deverá ser o líder do PSL no Senado. Hoje deputado, Major Olímpio tinha pretensão de já chegar presidindo o Senado. Bolsonaro quer que ele espere.
Reeleição
Na Câmara, por lógica semelhante, a tendência de Bolsonaro é apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando, embora já existam 15 aspirantes ao cargo querendo entrar na disputa.
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deverá ser o líder do partido. Ainda não há consenso sobre os novos líderes do governo na Câmara e no Congresso.
Glória a Deux
Num período da campanha, o candidato à Presidência da República, Cabo Daciolo, isolou-se para um retiro espiritual numa montanha do Rio de Janeiro.
Tudo estaria certo não tivesse o contribuinte pago pelas orações do Cabo.
Segundo notas apresentadas por ele à Câmara dos Deputados, Daciolo pediu ressarcimento de R$ 297,03 de despesas com combustível justamente no mesmo período em que estava meditando no monte.
RÁPIDAS
* “Se for para fazer reforma da Previdência, tem que ser para todo mundo”, disse a ISTOÉ um representante do Centrão, referindo-se a possíveis exceções para os militares. Bolsonaro não terá vida fácil com esse tema…
* Muitos dos deputados da própria base de Bolsonaro têm compromissos eleitorais com aposentados. Ou com categorias que defendem exceções, caso dos militares e das polícias. Por aí, deverá vir resistência a uma mudança mais radical.
* Para a equipe de transição que será montada, o presidente eleito Jair Bolsonaro tem direito a 50 cargos, que ocuparação o espaço reservado no Centro de Convenções. Eles serão nomeados com uma função que se extinguirá no dia 10 de janeiro.
* Há salários para esses cargos, que variam de R$ 2,5 mil a R$ 16,5 mil. O último valor é para o cargo de coordenador. Se for mesmo Onyx Lorenzoni, ele não ganhará o salário. Manterá o seu de deputado federal.