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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

ALHEIA ÀS URNAS, BRASÍLIA VIVE OBA-OBA
28/11/2018 - BLOG DE JOSIAS DE SOUZA - UOL

Se as eleições de outubro demonstraram alguma coisa foi que o brasileiro cansou de ser um figurante, do tipo que apenas compunha o fundo contra o qual se cumpria o destino trágico da nação.

As urnas informaram que foi extinto aquele Brasil especial em que políticos e autoridades se sentiam a salvo, imaginando que não deviam nada ao Brasil comum, muito menos explicações.

A despeito da clareza, a mensagem parece ter sido compreendida com o sinal trocado.


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Inaugurou-se em Brasília a fase do oba-oba.

Sob essa atmosfera de oba-oba, extinguiu-se a noção de certo e errado.

Nesse ambiente, Michel Temer, um colecionador de processos criminais, sente-se à vontade para conceder à cúpula do Judiciário um reajuste salarial que se irradiará por toda a administração pública, chegando ao contracheque dos juízes de primeira instância, que o julgarão quando ele deixar o Planalto.

E o Supremo, em troca do aumento, interrompe a imoralidade do auxílio-moradia pago a juízes com teto.

Todos sabem que essa modalidade suprema de toma-lá-dá-cá não compensará o efeito cascata, já orçado em pelo menos R$ 4 bilhões.

Mas o clima de oba-oba transforma em chato quem fica lembrando que o orçamento de 2019 carrega um rombo de R$ 139 bilhões.

Além disso, Temer está ocupado demais para se preocupar com cifras.

Enquanto faz as malas e verifica se haverá sol e praia no dia 1º de janeiro, Temer comanda um lobby para que o Supremo restabeleça nesta quarta-feira o indulto para corruptos, com perdão de 80% das penas.

Simultaneamente, políticos encrencados na Lava Jato aproveitam o ritmo de oba-oba para tentar emplacar no Congresso um projeto que o multiprocessado Renan Calheiros colocou para andar no ano passado.

Prevê a suavização de penas e a antecipação da liberdade de presos, inclusive os que foram condenados por corrupção.

O eleitor que manifestou na urna sua contrariedade contra tudo isso que está aí olha de longe e fica em dúvida.

Já não sabe se vive num país que dá jeito para tudo ou numa nação que não tem jeito.


  

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