capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/09/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.746.265 pageviews  

Guia Oficial do Puxa-Saco Pra quem adora release...

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

O carnavá, o marechá e o generá
02/03/2019 - SÉRGIO PARDELLAS - ISTOÉ

Em 1912, por muito pouco não tivemos Carnaval. Enlutado pela morte do Barão do Rio Branco em 10 de fevereiro daquele ano, o governo adiou o evento para abril.

O brasileiro não perdeu o gingado.

Apesar de decretado o fechamento dos órgãos públicos e o silêncio obsequioso ter virado quase uma imposição nacional, a festa ocorreu do mesmo jeito.


PUBLICIDADE


Em abril, o folião se abriu. Houve Carnaval de novo. Com direito a marchinha politicamente incorreta: “Com a morte do Barão/tivemos dois carnavá/Ai que bom, ai que gostoso/Se morresse o Marechá”, numa referência ao Marechal Hermes da Fonseca, presidente da República entre 1910 e 1914.

Seis anos depois, em 1918, mais uma vez o Carnaval quase foi a pique.

O Brasil guerreava. O País entrou na Primeira Guerra em 1917, depois que o nosso maior navio da marinha mercante, o “Vapor Paraná”, carregado de café, foi bombardeado por um submarino da Alemanha no cabo Barfleur.

Três brasileiros morreram e a Venceslau Brás não restou outra saída senão anunciar o conflito.

Em 3 de fevereiro de 1918, no jornal O Estado de S.Paulo, o jornalista e imortal da ABL Medeiros e Albuquerque escreveu:

“Uma preocupação muito geral é saber se haverá Carnaval. Pouco a pouco, ao menos nas camadas mais cultas da população , uma onda de indignação está se levantando contra essa ideia selvagem que nos desonraria aos olhos de estranhos.

(…) Ora, é incontestavelmente uma tendência deplorável a de quem não sabe abster-se de festas, quando deve manifestar pesar por qualquer lutuoso acontecimento”.

O escritor prosseguiu em sua toada antimomesca: “Seria um ato inominável que, enquanto nossos Aliados se batessem a obuses e granadas, ceifados às centenas e aos milhares, dando seu sangue pela causa comum, nós nos batêssemos a confetes, serpentinas e lanças-perfumes.

Atualmente, para viagens de um a outro Estado, pede-se a exibição de carteira de identidade e mesmo um passaporte ou salvo-conduto. Como, em tal situação permitir o uso de máscaras?”, questionou.

Os apelos foram em vão. O brasileiro, conforme escreveu Antonio Carlos Prado em recente artigo na ISTOÉ, não estava nem aí para a guerra:

“Na verdade, andavam mais interessados em palpitar nas esquinas do Rio de Janeiro sobre o assassinato do senador Pinheiro Machado, em discutir nos cafés o conturbado clima político decorrente da República recém-proclamada e em cantar na porta das barbearias o primeiro samba aqui gravado (“Pelo telephone”, letra que fazia chacota com a polícia que acobertava na cidade os jogos de azar)”.

O Brasil, então, carnavalizou.

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques