PF faz greve; emissão de passaporte deve ser afetada 22/05/2007
- Folha Online
Policiais federais iniciam nesta terça-feira uma paralisação que deve durar 72 horas, de acordo com a categoria. O serviço de emissão de passaportes deve ser o mais afetado. A expectativa é de que greve não interfira nos trabalhos de investigação da Operação Navalha, que aponta fraudes em licitações para a realização de obras públicas.
Na segunda (21), os policiais estiveram reunidos com representantes do Ministério do Planejamento, mas não chegaram a um acordo. O objetivo do encontro era discutir a proposta de reajuste salarial de 30%. Trata-se da segunda parcela de um aumento prometido pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, em 2006. Conforme o acordo, os policiais deveriam ter recebido a segunda parcela no começo deste ano, o que não ocorreu.
Proposta inicial do governo federal previa o pagamento em duas parcelas: em junho de 2008 e em junho de 2009. Na reunião de segunda, o governo manteve o pagamento em duas datas, antecipadas em alguns meses: março de 2008 e março de 2009. Para o governo, a principal justificativa é de que o reajuste causaria impacto negativo nas contas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
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Segundo a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), a proposta frustrou as entidades que representam os policiais federais. Nova reunião entre a categoria e representantes do governo federal está marcada para quinta-feira (24).
Paralisação
A federação afirma que a paralisação não afetará os plantões policiais e que não está prevista a chamada operação-padrão nos aeroportos. A Fenapef não confirmou como trabalharão os policiais envolvidos na Operação Navalha. Para esta terça, porém, estão mantidos os depoimentos de 12 dos 48 presos. Eles serão ouvidos pela ministra Eliana Calmon, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A greve, no entanto, deve afetar os trabalhos de escoltas de presos e, principalmente, os serviços de emissão de passaportes.
Nesta terça, os policiais federais deverão se reunir em assembléias nos Estados para decidir como atuarão durante o protesto. Com isso, os atendimentos nas unidades da PF (Polícia Federal) poderão variar em diferentes regiões do país.
A paralisação não envolve os servidores do setor administrativo da PF, de acordo com o SINPECPF (Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal). Eles exercem serviços internos nos setores de logística e protocolo, por exemplo.
Os servidores administrativos, que chegara a paralisar as atividades neste ano, afirmam que chegaram a um acordo com o governo federal e foi criado um calendário para analisar o projeto de reestruturação da categoria. Eles querem a equiparação de seus salários aos de outros servidores administrativos federais -- o que elevaria os rendimentos iniciais de R$ 1.900 para R$ 3.000 --; e o fim das terceirizações.
Bahia
Na Bahia, cerca de 420 policiais federais estão em greve desde a semana passada, de acordo com o sindicato da categoria no Estado. O movimento envolve agentes, peritos, delegados e papiloscopistas.
De acordo com os policiais, com a paralisação, apenas 30% do efetivo trabalha na fiscalização de portos e aeroportos do Estado, atendimento de plantões e serviços de custódia de presos. A greve interfere em investigações, operações, emissão de passaportes e de certidão de antecedentes criminais. Não há previsão para que ocorra operação-padrão nos portos e aeroportos.