O que Toffoli tem a dizer sobre as gravíssimas revelações de Marcelo Odebrecht? 15/04/2019
- Augusto Nunes - Veja.com
Todo pretendente a uma vaga no Supremo Tribunal Federal precisa atender a duas exigências estipuladas pela Constituição: 1) deve ser provido de notável saber jurídico e 2) ter reputação ilibada.
José Antônio Dias Toffoli virou titular do time da toga e hoje preside a Corte sem atender aos dois requisitos constitucionais.
Não tem nada de notável o saber jurídico de um bacharel em Direito reprovado duas vezes no concurso para ingresso na magistratura paulista.
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Sem qualificação sequer para cuidar de uma comarca de grotão, subiu na vida por ser amigo e afilhado de José Dirceu, a quem deve o emprego de advogado das campanhas do PT, o cargo de assessor do então chefe da Casa Civil e a chefia da Advocacia Geral da União.
Em 2009, o saber jurídico do chefe da AGU continuava tão raso que, na imagem perfeita de Nelson Rodrigues, uma formiga poderia atravessá-lo com água pelas canelas.
E a reputação era tão ilibada quanto pode sê-lo a de um doutor em métodos eleitorais do PT, com PhD em José Dirceu.
Apesar disso — ou por isso mesmo — virou ministro do Supremo.
Nesta semana, amparada em documentos e em mais revelações de Marcelo Odebrecht, a revista Crusoé publicou uma reportagem que deixou a folha de serviços de Toffoli com cara de prontuário.
Sabe-se agora que, nas catacumbas que abrigaram bandalheiras de dimensões amazônicas, o ainda chefe da AGU era identificado por Marcelo como o "Amigo do Amigo de meu pai".
É com tal codinome que Toffoli entra em cena durante a sequência de maracutaias abastecidas por hidrétricas projetadas para o Rio Madeira.
Num documento, Marcelo pergunta a Adriano Maia, funcionário da empresa encarregado de entender-se com o governo:
“Afinal, vocês fecharam com o Amigo do Amigo de meu pai?”
O segundo Amigo da frase é Lula, sabe o país faz tempo.
O primeiro Amigo é Toffoli.
Marcelo Odebrecht disse que não pode falar sobre a natureza e o conteúdo das tratativas.
“Quem sabe disso é Adriano Maia”, alegou.
É preciso desvendar o mistério.
Até que Adriano Maia e Dias Toffoli esclareçam o que houve, os brasileiros terão o dever se suspeitar que o Supremo Tribunal Federal é presidido por um caso de polícia.