Começou a nova temporada da série que mais faz sucesso no País.
Se você não acompanha, provavelmente anda por fora das maiores discussões. Um resumo não é coisa fácil de fazer, considerando a complexidade da trama e as dezenas de personagens.
Mas vou tentar, para que você não se sinta excluído nas próximas semanas.
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Trata-se, essencialmente, de uma narrativa sobre lutas pelo poder. A saga trata de famílias (houses) que se intercalam na conquista de territórios.
A história começa contando a ascensão da House of Silva e a expansão de seus domínios desde o Kingdom of the Northeast.
Ao longo dos episódios, rei e rainha, com o apoio dos filhos, ampliam seu poder para outros reinos com auxílio de um exército de zumbis e uma frota de pedalinhos.
A série é conhecida por cenas chocantes a cada temporada. Nessa primeira, por exemplo, como esquecer das cenas do Mensalão Sangrento, quando o braço direito do rei é flagrado com a boca na botija, pagando mesada para a corte.
Começa a segunda temporada.
A nova soberana da House of Silva veio da Muralha de Gelo, uma região inóspita onde ninguém fala coisa com coisa. O inverno estava chegando e a rainha não faz nada.
Como resultado, os cinco reinos mergulharam numa terrível crise, o que levou à prisão do antigo rei e, numa cena antológica, cheia de sangue e terror, a sua sucessora é expulsa do poder.
A terceira temporada foi um desastre.
Perdeu interesse e, consequentemente, audiência. Teve gente que culpou o fiasco pela seleção do elenco. O ator que fez o papel de novo soberano, da House of Temer, era fraquíssimo, sem nenhum carisma.
A emissora, desesperada, contratou novos roteiristas para renovar a estrutura narrativa.
A estratégia deu resultado e a quarta temporada alcançou índices recorde.
Três novos reinos foram apresentados: House of Olavo, House of War e House of Bolsonaro.
É justamente desta última família que surge um novo personagem, com todas as características necessárias a um herói popular. Um plebeu que vivia nos calabouços da corte.
Como um verdadeiro justiceiro, foi em busca do poder, acompanhado pelos dragões da independência.
Seguindo a tradição das cenas emblemáticas, nesta temporada tivemos o Comício Vermelho, onde o herói é esfaqueado em praça pública.
Loucura.
Os índices de audiência foram estratosféricos, a cena tomou conta da internet, com milhares de memes, tuítes e fake news. Termina a quarta temporada com o herói no hospital.
É o que chamam, na linguagem dos roteiristas, de “cliff hanger” — aquela cena de final de temporada que mantém a série viva na cabeça da audiência por meses.
Por isso domingo passado foi tão importante. Milhões de espectadores se reuniram para ver o episódio que mostra os três primeiros meses do novo reinado da House of Bolsonaro.
O que se viu foi, sem dúvida, o mais instigante início de temporada de toda a série.
O episódio foi marcado pelo conflito das houses of Olavo, War e Bolsonaro, que dividem o poder.
Há traições, ameaças e escândalos intercalados com cenas de humor de fazer inveja ao “Zorra Total”.
A cada momento o espectador se surpreendeu, se emocionou, riu e chorou.
Tudo indica que esta temporada vai focar nos conflitos entre as três houses, que foram uma vez aliadas, mas agora disputam o poder internamente com todos os ingredientes de uma trama clássica.
Não arriscaria um palpite sobre o desfecho. Mas fiquei com uma pulga atrás da orelha.
Sei que é polêmico o que vou afirmar — mas não é um spoiler. Algumas atitudes do novo rei me fizeram pensar que a emissora, atrás de audiência, talvez tenha optado em transformar o que era drama em comédia.