Sinal verde, pista livre 28/04/2019
- CARLOS BRICKMANN - CHUMBOGORDO.COM.BR
A reforma da Previdência vai bem, obrigado, deve passar sem problemas pelo Congresso. A oposição continua paralisada.
Com a aceitação da reforma pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, as ações subiram e o índice Bovespa superou os 96 mil pontos.
Suas Excelências já sabem, portanto, o que é que o mercado espera.
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Hoje, só um grupo político tem condições de criar problemas ao Governo: o próprio Governo.
Fora as brigas internas, o presidente Bolsonaro já disse que aceita que o Congresso mexa na reforma para reduzir a economia esperada.
Paulo Guedes quer R$ 1 trilhão em dez anos, e projetou quase R$ 1,2 trilhão; Bolsonaro sinalizou que R$ 800 bilhões já está ótimo – o que leva o Congresso a pensar em economia ainda menor.
Bolsonaro, calado, teria obtido mais. Mas mesmo assim a tendência é que a reforma passe com poucas mexidas.
Talvez a ideia de criar um sistema de capitalização seja deixada para depois.
Não seria má ideia fazer novos estudos, para garantir que com ele as contas fechem.
Outro fator favorável à reforma é o fortalecimento institucional de Paulo Guedes.
A COAF, que acompanha movimentações financeiras e que agora está com Sérgio Moro, pode voltar à Economia – cuidando de economia, não só de indícios de ilícitos.
Moro quer segurar a COAF, mas tem perdido todas as batalhas no Governo.
Se Guedes quiser mesmo a COAF, fica com ela.
EUA, o bom e o mau
A economia americana vai bem (o que deve facilitar a reeleição de Trump, de quem Bolsonaro é admirador).
Crescimento indica maiores importações; pode indicar menos excedentes agrícolas para exportar, o que abre espaço para mais exportações brasileiras.
Lá, o PIB deve subir algo como 2%, um número gigantesco numa economia do tamanho da americana.
O tamanho de Moro
No caso da COAF, Moro enfrenta também o Congresso, que ameaça não aprovar a medida provisória que reduziu os ministérios se a entidade ficar na Justiça (os parlamentares estão fartos da Lava Jato, da pregação antipolítica dos procuradores, e veem com simpatia tudo que os enfraqueça).
Caso a MP seja rejeitada, Bolsonaro terá de redesenhar seu Governo e distribuí-lo por mais ministérios – um trabalho complexo.
Bolsonaro, que já ampliou a posse de armas contra a opinião de Moro, disse que ele mesmo enviará projetos de segurança pública não incluídos nos planos do ministro.
Um deles: permitir o uso de drones para monitorar áreas controladas pelo crime organizado.
E Moro também se enfraquece sozinho, como agora, ao dizer em Portugal que não responderia a críticas do ex-primeiro-ministro José Sócrates “porque não debateria com criminosos”.
Sócrates é suspeitíssimo, mas não foi julgado, nem se sabe se o será.
E não é o representante de um Governo estrangeiro que pode atribuir-lhe a condição de criminoso – que ele não tem.
Pegou mal.
Vergonha 1
A Câmara do Recife aprovou aumento de 70% para o próximo prefeito, vice e secretários.
O atual prefeito ganha R$ 14 mil mensais: o próximo terá R$ 22 mil.
Justificativa: o salário dos políticos deve seguir os da iniciativa privada, para atrair pessoas qualificadas.
Bom… não vem dando certo.
Vergonha 2
A Justiça Federal de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, recebeu inquérito por estelionato contra o deputado federal Paulo Pimenta, do PT gaúcho.
Sua Excelência é acusado de calote de R$ 12 milhões na venda de arroz.
Vergonha 3
Um competente e sério jornalista de Itabuna, Bahia, publicou no jornal "A Região" um artigo de opinião sobre José Dirceu.
O jornalista, Marcel Leal, acreditava que no Brasil não há crime de opinião.
Mas há: Dirceu, condenado por corrupção, a quem Lula chamava de Capitão do Time, foi ouvido ao sustentar que o artigo de opinião era noticioso.
E ganhou o processo contra Marcel, que terá de pagar-lhe indenização.
O jornalista não conseguiu juntar a fortuna de quem já foi (e é) alvo da Lava Jato, e terá de entregar seu carro, ficando a pé.
OK, fica a pé, mas não de quatro.
Já lhe sugeriram que transfira seus bens, danifique seu carro, mas isso seria desrespeitar a Justiça.
Ele prefere retaliar de outra maneira: amavelmente, visitando José Dirceu na prisão, para que fique bem claro que quem estará preso é ele.
Xeque aos reis
Os filhos do fundador da Marabraz, o mais velho dos irmãos Fares, que se consideram prejudicados por manobras atribuídas a seu pai e tios para prejudicar sua mãe no processo de divórcio, conseguiram nos últimos dias uma importante liminar: a juíza Luciana Biaggio Laquimia, da 17ª Vara Cível de São Paulo, bloqueou contas bancárias do Grupo Marabraz no total de 10% do valor atribuído à marca, para garantir o pagamento dos sobrinhos caso vençam a ação.
O processo está no início, longe de chegar a um xeque-mate, mas o bloqueio de dezenas de milhões de reais é algo a ser considerado.