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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A banalização do crime
13/05/2019 - ROBERTO VELOSO*

Leio, estarrecido, uma notícia dando conta que dois internos de uma unidade da FUNAC foram encaminhados ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas sob a acusação de estarem abusando sexualmente de um menor. Segundo a notícia, os dois acusados haviam atingido a maioridade, mas continuavam recolhidos na casa destinada a menores em conflito com a lei.

Um dos envolvidos no estupro é suspeito de participação no latrocínio do delegado de Polícia Federal Davi Aragão. Na época, o suspeito, em conluio com outros comparsas, adentrou o local onde o delegado comemorava o aniversário de um filho e o matou para subtração de objetos.

Cenas iguais a essas estão cada vez mais frequentes no cotidiano. Passa-se em frente a um comércio, uma lanchonete, um restaurante e comenta-se que ali houve a morte do proprietário. Em alguns casos, a mulher ou os filhos prosseguem na atividade, em outros a dor é tão grande que são obrigados a fechar o estabelecimento.


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Há algo muito errado nisso. Estamos convivendo com números próximos à barbárie. Tomando como base os índices do Atlas da Violência, em 2016, tivemos mais de 62.000 mortes no Brasil. É uma guerra a céu aberto, para a qual não se pode fechar os olhos.

Na televisão, no rádio e na internet, cada vez mais há defensores da política do olho por olho e dente por dente. Querem dar à polícia o poder de matar quem porta arma acintosamente. São alternativas de uma sociedade em desespero diante do avanço desenfreado da criminalidade.

O problema é que matar os que cometem crimes não tem resolvido. Apenas para exemplificar, até outubro de 2018 a polícia carioca havia matado 1.308 supostos bandidos e mesmo assim a criminalidade não diminuiu. Aqui não se trata de a polícia prende e a Justiça solta, no caso é a eliminação física pura e simples. E mesmo assim não tem adiantado.

Assisti há pouco tempo a um documentário sobre o tráfico de drogas nas comunidades do Rio de Janeiro e uma passagem me chamou a atenção. Uma entrevista concedida por um garoto de 18 anos a respeito de emprego. O entrevistado dizia à repórter que pretendia trabalhar.

A entrevistadora toda satisfeita se impressiona com a resposta e pergunta qual a atividade que o entrevistado pretende desempenhar. O jovem diz simplesmente: no tráfico. A entrevistadora insiste perguntando por que ele não estava trabalhando ainda. Ele respondeu: no momento não há vagas.

Isso demonstra que há um exército de reserva para a prática de crimes. Tantos quantos sejam mortos, haverá peças de reposição, como um jogo de vídeo game, no qual sempre há inimigos. No jogo como na vida real, é preciso atacar a causa da produção dos crimes para se ganhar a luta e restabelecer a paz.

Para se ter uma ideia da posição brasileira na criminalidade comparada com outros países do mundo, veja-se a seguinte estatística de estados nordestinos: Sergipe (64,7 para cada 100 mil habitantes), Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9), enquanto na Europa a média é menor do que um para cada grupo de 100 mil habitante.

É preciso agir e rápido para salvar nossa sociedade da barbárie da criminalidade. Investimento na polícia, com instalação de batalhões e companhias nas comunidades. A utilização da guarda municipal para segurança dos logradouros públicos e levar saúde e educação às áreas mais conflituosas são medidas necessárias e urgentes a serem tomadas.

...

"Juiz federal, foi presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

  

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