É certo, para começar, que há oito meses não se rouba por atacado no governo federal, coisa que jamais ocorreu, na memória de qualquer brasileiro vivo.
Não há a mais remota denúncia de nada de errado por aí, apesar da vontade imensa dos adversários do governo de denunciar tudo.
Previsões sobre o que vai acontecer amanhã sempre ficam melhores quando são feitas depois de amanhã.
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O que temos na vida real é o hoje, só isso — e o grande problema é chegar a alguma conclusão coerente sobre o que está realmente acontecendo hoje.
Há uma sugestão honesta para resolver isso; infelizmente, ela dá trabalho, exige esforço mental e não pode ser encontrada no Google.
Como não há o mais remoto acordo sobre o dia de hoje — as coisas estão melhores que ontem, ou nunca estiveram tão horríveis? —, a única ferramenta disponível para ter alguma ideia decente das coisas é pensar.
E pensar, como se sabe, é uma das atividades humanas mais odiadas neste país, sobretudo por aqueles que imaginam saber o que estão falando.
No caso, pensar significa olhar com um pouco mais de atenção para onde o Brasil está indo.
No fundo, é isso o que importa.
O país vai estar melhor daqui a três anos?
Depende das decisões que estão sendo tomadas agora.
Se você está construindo a cada dia 1 quilômetro de estrada, por exemplo, daqui a 100 dias terá 100 quilômetros de estrada construídos.
Não pode ser de outro jeito.
Há uma única coisa que importa nisso: se aquele 1 quilômetro por dia está sendo construído mesmo.
Se estiver, a realidade do país estará sendo mudada para melhor.
Se não estiver, a realidade continuará a mesma.
O resto é conversa inútil de sociólogo-politólogo-intelectuólogo.
E então: para onde estamos indo, com base nos fatos que se podem verificar hoje?
É certo, para começar, que há oito meses não se rouba por atacado no governo federal, coisa que jamais ocorreu, na memória de qualquer brasileiro vivo.
Não há a mais remota denúncia de nada de errado por aí, apesar da vontade imensa dos adversários do governo de denunciar tudo.
Pode haver daqui a meia hora — mas por enquanto não houve.
É bobagem ignorar isso, ou achar que não faz diferença — é claro que faz uma tremenda diferença.
Também não há dúvida sobre uma realidade raramente mencionada: o ministro da Economia é Paulo Guedes, e Paulo Guedes é o primeiro capitalista de verdade a chefiar a economia brasileira desde Roberto Campos, há mais de cinquenta anos.
Guedes é artigo genuíno: não tem compromisso nenhum com a “economia de Estado” e a sua burocracia estúpida, sabe que não pode haver progresso duradouro no Brasil sem o máximo de liberdade econômica e está convencido de que a única função útil de um governo neste mundo é tornar mais cômoda a vida das pessoas.
É igualmente óbvio que isso vai mudar o país nos próximos três anos.
É um fato que haverá uma reforma tributária — e, qualquer que ela seja, as coisas não vão ficar como estão, nem a situação atual dos impostos no Brasil vai piorar, pois isso é praticamente uma impossibilidade científica.
Não há nenhum motivo concreto para alguém acreditar que o Brasil passará os próximos anos sem fazer privatizações, como passou os treze anos da era Lula-Dilma.
Também é uma realidade concreta que não falta capital para ser investido no processo brasileiro de privatização já em andamento: estima-se que existam no exterior, neste momento, entre 15 trilhões e 17 trilhões de dólares aplicados a juros negativos.
É possível que nenhum centavo venha para cá?
Possível é — mas aí seria preciso demonstrar qual a lógica de uma coisa dessas.
Também não há falta do que privatizar.
O governo brasileiro é o maior proprietário de imóveis do mundo; boa parte do que tem pode ir para o mercado.
O Brasil tem 72.000 torres de telefonia; a China tem 1 milhão.
A razão sugere que há alguma coisa a fazer nessa área — ou em saneamento, já que 100 milhões de brasileiros não dispõem hoje de esgotos, por falta de investimento.
A Petrobras tem 12.000 funcionários a menos do que no fim do governo Dilma; mais 10.000 serão dispensados no futuro próximo, e a empresa estará enfim preparada para a privatização — depois de já ter vendido, sem barulho algum, sua distribuidora BR e suas operações de gás, e posto à venda oito de suas refinarias.
Um dos resultados disso, pela lógica, será a redução geral dos custos da energia no país.
Por causa do monopólio estatal, o preço do metro cúbico de gás no Brasil é de 12 dólares, em comparação com 7,70 na Europa e 2,80 nos Estados Unidos.
Sem Petrobras, sem monopólio e com concorrência, por que essa aberração iria continuar?
Houve uma queda superior a 20% no número de homicídios neste primeiro semestre, segundo o site G1.
A inflação está perto de zero.
Os juros são os mais baixos dos últimos trinta anos.