capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 21/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.910.583 pageviews  

Tema Livre Só pra quem tem opinião. E “güenta” o tranco

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Liberar novos agrotóxicos é melhor que manter os antigos
19/09/2019 - XICO GRAZIANO*

Como viver sem os agrotóxicos? A pergunta, formulada na segunda-feira, 16, em reunião na Câmara dos Deputados, suscitou outra dúvida: será possível produzir alimentos, em larga escala, sem utilizar produtos químicos para combater pragas?

Quando Antoninho Rovaris, dirigente da Contag, logo no início dos trabalhos subiu ao microfone para condenar o uso de agrotóxicos, sabia que os produtores rurais não utilizam pesticidas porque querem, e sim porque precisam deles para defender suas lavouras.

Seu depoimento deu o tom da sessão da Comissão Geral, presidida pelo deputado Luiz Nishimori (PL-PR), relator do PL 6299/02.


PUBLICIDADE


Ela se instalou exatamente para colher as opiniões de cerca de 30 convidados, entre especialistas, estudiosos e militantes, visando encontrar um caminho nessa polêmica que parece eterna.

Até Bela Gil compareceu. Famosa por machucar a agronomia em sua pregação naturalista, desta vez a culinarista se conteve em seus impropérios, lendo um texto que defendia a “transição” da agricultura química para um modelo biológico. Cumpriu o script.

Professores da ESALQ/USP e da UNESP/Botucatu, além de gestores do Ministério da Agricultura, trouxeram informações técnicas, precisas, comprovando que o Brasil segue padrões internacionais de qualidade no controle fitossanitário. Contrapuseram, com competência, o achismo que domina essa discussão.

Durante quase 4 horas, sentado ali na mesa do plenário da Câmara dos Deputados, acompanhei este debate, uns falando contra outros a favor.

Desde 1980 me dedico a essa questão que nós, engenheiros agrônomos, tratamos historicamente como “uso correto de defensivos agrícolas”. Tenho cancha nesse assunto.

Desta vez, senti os críticos aliviarem a contumaz mentirada sobre os malefícios do uso de pesticidas, especialmente sobre a possível relação entre alimentos contaminados e surgimento de câncer em humanos. Jamais se comprovou essa hipótese.

Claramente a condenação dos pesticidas se mistura com a crítica política ao capitalismo contemporâneo. Denomino isso de “esquerdismo verde”, uma ideologia retrógrada que pretende derrubar o atual sistema econômico substituindo-o por um modelo agroecológico e familiar, desvinculado do lucro na produção. Sabe-se lá como funcionaria.

Minha grande decepção no evento foi a palavra da representante do Greenpeace, uma engenheira agrônoma que, ao invés de argumentar tecnicamente, desatou a criticar o “viés autoritário” do governo Bolsonaro.

Foi além. Disse que a agricultura moderna é intrinsicamente predatória da natureza. Deveria rasgar seu diploma.

A politização exagerada permite que equívocos terríveis sejam propagados, por simples falta de leitura.

Ao atacarem a liberação de novos produtos agrotóxicos, por exemplo, o esquerdismo verde os categoriza como de interesse da “indústria do veneno”.

Não prestaram atenção, porém, que, neste ano, entre os 140 produtos autorizados para uso, 14 são agentes biológicos e/ou orgânicos. Também estavam encalhados.

Liberar novos pesticidas sempre será melhor que manter os antigos em uso. Nada retroage no mundo da inovação tecnológica. E achar que a liberação de novas formulações levará ao maior consumo de pesticidas significa ignorância somada com sem-vergonhice.

Embora com altos e baixos, saldo positivo. Esta é minha avaliação sobre a Comissão Geral que se reuniu na Câmara dos Deputados.

Volto ao início: será possível, um dia, produzir alimentos, em qualidade e quantidade, sem utilizar pesticidas?

Pode ser que sim. Agora, é ingenuidade supor que essa agenda pertence aos “alternativos”, ou apenas às start ups do agro.

Os grandes laboratórios do agronegócio dedicam-se, intensivamente, à pesquisa, utilizando muita engenharia genética, sobre métodos biológicos para controle de pragas.

Ao defenderem uma política que promova a redução do uso de agrotóxicos, os críticos do modelo agrícola atual seguem a receita das próprias multinacionais que tanto detestam.

É paradoxal, mas é um fato relevante, que reflete a tendência da pesquisa agronômica.

Saí da reunião da Câmara dos Deputados convencido ser possível unificar as 2 ideias, aparentemente contraditórias: uma que moderniza a legislação sobre pesticidas e outra que propõe uma política de redução de agrotóxicos.

Para quem vive da polêmica, parece tarefa impossível; para quem gosta de construir, considera a melhor solução para o país.

O objetivo é um só: o alimento farto e saudável.

...

*Agrônomo. Foi secretário de Agricultuta e de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

E-mail: xicograziano@terra.com.br

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques