Defesa treina retirada urgente de brasileiros da fronteira 18/11/2007
- Tânia Monteiro e Rui Nogueira - O Estado de S.Paulo
Ministério avalia que não há estabilidade na Bolívia e no Paraguai; Forças Armadas realizam simulação
Apesar de o Planalto e o Itamaraty manterem o discurso de que todos os vizinhos fronteiriços são amigos e não há risco de conflitos à vista, o Ministério da Defesa avalia que a estabilidade político-social na Bolívia e Paraguai é precária e, pela quantidade de brasileiros que vivem nos dois países, o Brasil precisa estar preparado para a eventualidade de ter de fazer um resgate em massa dessa população. A teoria virou prática, pelo menos de treinamento, no mês passado.
O Estado apurou na quinta-feira, no Rio de Janeiro, durante a 4ª Conferência do Forte de Copacabana/Segurança Internacional: um diálogo Europa-América do Sul, e nesta sexta-feira, em Brasília, junto ao Comando do Exército, que na Operação Pantanal, realizada entre 10 e 20 de outubro, no Mato Grosso do Sul, tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica desenvolveram um exercício especial: como empregar, de maneira combinada, o maior número possível de meios (aviões, lanchas, caminhões etc) para retirar todos os brasileiros que vivem no Paraguai e Bolívia no período mais curto de tempo possível.
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A Operação Pantanal juntou as três Forças sob liderança do Comando Militar do Oeste. Os exercícios simularam claramente uma ¨situação de beligerância¨ na fronteira desses dois países vizinhos, mapeando até as grandes e pequenas fazendas que serviriam de apoio em caso de uma retirada emergencial de brasileiros.
Durante os preparativos para a Operação Pantanal, o general Roberto Fantoni Saurin, comandante da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados, disse que um dos principais objetivos dos exercícios combinados era testar ¨o apoio logístico e de comunicações próprias para o emprego combinado das três Forças Armadas¨ em situações de emergência beligerante.
Na terça-feira passada, ao participar do programa Expressão Nacional, na TV Câmara, o general de Exército Benedito de Barros Moreira disse que o Ministério da Defesa vem ¨colhendo na nossa área sul-americana pontos de tensão que podem se desenvolver e devem ser observados e acompanhados¨.
O caso dos brasileiros que podem ter de ser retirados da Bolívia e do Paraguai é uma dessas situações que, na avaliação dos estrategistas brasileiros, demanda preparo prévio. Os brasileiros que vivem na Bolívia - alguns deles são grandes fazendeiros em regiões de fronteira - já foram ameaçados de expulsão pelo governo do presidente Evo Morales.
O Exército participou da Operação Pantanal com pelo menos 200 veículos. A Força Aérea empregou aeronaves como os aviões C-95 Bandeirante, Hércules C-130 e C-105 Amazonas.