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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A corrida aos produtos básicos
18/03/2008 - O Estado de S.Paulo

Em busca de um refúgio seguro para seu dinheiro, num cenário tumultuado pela crise bancária no mundo rico e pela contínua depreciação do dólar, especuladores têm corrido para os mercados de café, trigo, soja, minérios e outros produtos básicos, reforçando a tendência de valorização das commodities. Essa é uma boa notícia para o Brasil, quando se pensa nas contas externas. O País poderá ter mais um ano de bons ganhos no comércio internacional graças à intensa procura de vários de seus principais produtos de exportação. Os agricultores acertaram, portanto, quando resolveram investir no aumento da produção na safra 2007-2008. Bom para eles, bom para os fabricantes de máquinas, fertilizantes e defensivos e bom também para o comércio varejista do interior. Mas os benefícios não se esgotarão nesses pontos. A solidez no balanço de pagamentos é especialmente preciosa numa fase de turbulência internacional. A notícia, no entanto, tem outro lado: pressões inflacionárias no mercado interno são uma das conseqüências da alta das cotações nas bolsas do exterior.

Reportagem publicada no Estado, nessa segunda-feira, mostrou a evolução recente dos preços das commodities. O aumento das cotações foi provocado não só pelos investidores em busca de aplicações seguras. Este fator ganhou importância com o agravamento da crise bancária e com a incerteza crescente em relação à economia americana e ao dólar. De fato, a valorização das commodities em parte reflete a depreciação da moeda americana e o desinteresse pelos papéis denominados em dólar. A redução dos juros nos Estados Unidos e a perspectiva de novos cortes na taxa básica americana também afetam as decisões dos investidores. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) diminuiu o custo do redesconto no domingo, numa decisão de emergência, e poderá nesta semana podar os juros básicos mais uma vez. A valorização dos produtos básicos é em geral uma conseqüência previsível do barateamento do crédito.

Mas o quadro é mais complexo. Os juros têm caído nos Estados Unidos, mas os dirigentes dos bancos centrais da zona do euro e da Inglaterra, mostrando maior preocupação com as pressões inflacionárias, têm hesitado em acompanhar seus colegas americanos. O grande cenário contém, portanto, duas tendências normalmente opostas - esfriamento econômico nas grandes potências ocidentais e, ao mesmo tempo, uma forte elevação de cotações de produtos básicos.


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Para entender esse conjunto é preciso levar em conta não só a crise bancária, o derretimento da moeda americana e a redução dos juros nos Estados Unidos, mas também o rápido crescimento da produção e do consumo ainda observado na China e em várias outras economias emergentes. Até o fim do ano passado, muitos analistas ainda apontavam essas economias, incluída a brasileira, como capazes de resistir a uma crise na maior potência, os Estados Unidos. A tese do descolamento (a palavra inglesa é ´decoupling´) não foi abandonada inteiramente, mas seus defensores mostram-se hoje mais cautelosos. Todos sofrerão algum impacto da crise, admitem, mas a extensão desse impacto permanece um mistério.

Por enquanto, as perspectivas ainda são de robusto crescimento na China e em boa parte dos emergentes, mesmo com alguma perda de impulso provocada pela crise internacional. Os preços do petróleo continuarão altos, segundo os analistas, assim como as cotações de muitas outras commodities, graças à combinação de juros baixos, dólar fraco, incertezas quanto à situação dos bancos e expansão econômica ainda considerável nos emergentes.

Nenhum banco central poderá fazer muita coisa para neutralizar o efeito dessas cotações nos índices de inflação. No Brasil, a oferta desses produtos é mais que suficiente para atender ao mercado interno e aos clientes internacionais. Se os preços permanecerem altos, ou em alta, não será por causa dos consumidores brasileiros. Os formuladores da política monetária se mostrarão sensatos, se levarem esse detalhe em conta ao analisar a relação entre consumo e preços no mercado local. Na área de commodities, pelo menos, não há nenhum descompasso entre a evolução do consumo e a da oferta. Se há um problema de preços, a causa está no exterior e fora do alcance da política brasileira de juros.

  

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