¨Terceiro mandato de Lula é plano A¨, diz petista 06/04/2008
- Blog de Josias de Souza - Folha Online
Membro do diretório nacional do PT, o prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva, já se anima a dizer em público algo que um número crescente de companheiros de partido sussurram entre quatro paredes: “O terceiro mandato de Lula é o plano A; Dilma é o plano B; e o plano C é quem Lula indicar.”
Expressando-se no plural, João Paulo afirma: “Trabalhamos com a perspectiva de que podemos apoiar a proposta de emenda constitucional do terceiro mandato, que será fundamental para o Brasil [...]. Vamos apoiar um terceiro mandato para o presidente Lula, para dar continuidade à grande revolução social que ele está fazendo.”
Em menos de uma semana, o prefeito petista é o quarto personagem a desfraldar, nos arredores de Lula, a bandeira do terceiro mandato. O primeiro foi o vice-presidente José Alencar (PRB). Depois dele, o deputado cassado José Dirceu (PT-SP). Na seqüência, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) voltou à boca do palco para informar que apresentará, nos próximos dias, a emenda que abre uma janela para a continuidade.
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João Paulo preside a FNP (Frente Nacional de Prefeitos). Na sexta (4), a frente realizou, em Niterói (RJ), sua 52ª Reunião Geral. Foi o repórter Ricardo Miranda, que acompanhava o encontro para o diário Correio Braziliense quem ouviu o prefeito petista sobre Lula e 2010. Vai abaixo a entrevista:
O senhor defende o terceiro mandato?
- Trabalhamos com a perspectiva de que podemos apoiar a PEC do terceiro mandato, que será fundamental para o Brasil. Acho que foi normal quando se defendeu um segundo mandato para Fernando Henrique Cardoso, por isso vamos apoiar um terceiro mandato para o presidente Lula para dar continuidade à grande revolução social que ele está fazendo.
A bandeira é luta isolada de algumas poucas pessoas dentro do partido ou já conta com apoios de peso?
- Não tratei disso diretamente com o presidente Lula em nossa conversa (semana passada, em Recife). Mas acredito que, pelo momento extraordinário que o Brasil está vivendo, pelo nível de estabilidade, não podemos arriscar perder este momento da história política e econômica do Brasil. Um filho do povo fazendo uma extraordinária gestão, dando estabilidade financeira ao Brasil, gerando empregos, levando o desenvolvimento a patamares que há muito não se via.
Já combinaram isso com o presidente?
- O presidente até hoje tem se colocado como um soldado do partido e tem o sentido de missão. Acredito que ele será sensível ao clamor não apenas do PT, mas dos partidos que essencialmente formam sua frente. Entendemos que a Presidência da República tem um nível de stress muito grande, muita tensão, onde se percebe claramente o que nós chamávamos na ditadura militar de “ódio de classe”, onde se vê setores do DEM e do PSDB com o preconceito estampado em cima do presidente.
Fala-se que a ministra Dilma seria o nome favorito do partido.
- O partido ainda não acumulou uma discussão mais profunda sobre esse tema. Mas o terceiro mandato de Lula é o plano A; Dilma é o plano B; e o plano C é quem Lula indicar.
Um terceiro mandato agora não seria um golpe?
- Golpe “eles” deram na ditadura militar, aquilo era golpe. Se o terceiro mandato fosse um golpe, golpe maior teria sido o segundo mandato de Fernando Henrique. Qual a diferença? Não podemos fazer política com dois pesos e duas medidas.