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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

As fotos secretas da guerrilha
27/04/2008 - Alan Rodrigues - ISTOÉ



Militantes treinam com armas exclusivas das Forças Armadas

A seqüência de imagens acima é o retrato de que o Brasil tem guerrilha. Esse conjunto de fotografias comprova o que a reportagem de ISTOÉ em sua edição de 26 de março deste ano, denunciou: homens estão sendo treinados no País para desfechar a luta armada.

Agem sob o manto da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), uma organização radical de extrema-esquerda que adotou a “violência revolucionária” como estratégia para chegar ao poder.


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Com a omissão das autoridades federais brasileiras e o silêncio do resto do Brasil, esse grupo domina mais de 500 mil hectares de terra, espalhados por três Estados, em 20 acampamentos de sem-terras.

As fotografias dos guerrilheiros com os rostos encobertos em pleno treinamento militar com fuzis FAL, de uso exclusivo das Forças Armadas, fazem parte de um relatório produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o governo federal.

A data do registro das imagens é mantida em sigilo por uma questão de segurança.

Capturadas no Assentamento Palma Arruda, no município de Machadinho do Oeste, no Estado de Rondônia, as fotografias comprovam o poder bélico da organização e jogam por terra as afirmações da Liga, veiculadas na internet, de que nas áreas sob seu controle não existem armas nem treinamento guerrilheiro.

Hoje, em suas fileiras, a LCP conta com cerca de 400 militantes, um exército cinco vezes maior do que os 81 guerrilheiros que Fidel Castro tinha em dezembro de 1956, quando desembarcou do Granma no litoral leste de Cuba.

As ações da Liga custaram a vida de 25 pessoas no último ano -– 18 camponeses ou fazendeiros e sete guerrilheiros.

Além de treinar homens armados, outra especialidade da Liga é faltar com a verdade em seus comunicados apócrifos distribuídos na rede.

No dia 9, eles denunciaram a vários organismos de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, o massacre de 15 sem-terra num conflito com a polícia, em Campo Novo (RO).

Disseram que o massacre foi resultado de uma “campanha orquestrada” pela mídia, da qual faziam parte as reportagens publicadas por ISTOÉ.
A polícia investigou a denúncia e não encontrou nada.

“Checamos toda a área da fazenda que eles invadiram e onde teria acontecido o suposto embate e não encontramos nada”, disse Cezzar Pizzano, secretário-adjunto de Segurança do Estado de Rondônia.

“Pedi a eles os nomes das vítimas, mas eles se calaram”, afirmou Pizzano.

“O governo federal tem que entender que o que existe em Rondônia é guerrilha mesmo, e não é força de expressão”, acusa o deputado federal Moreira Mendes (PPS-RO).

O parlamentar, que logo depois da denúncia de ISTOÉ solicitou a presença de uma comissão externa do Congresso para apurar os fatos, até hoje não obteve respostas a seu pedido.

Mendes denuncia que, enquanto o governo silencia, as ações do grupo recrudescem.

“Os guerrilheiros estão impedindo que os agentes do Instituto de Defesa Animal de Rondônia (Idaron) vacinem o gado contra a febre aftosa”, diz.

“Isso é um absurdo que pode colocar em risco mais de 11 milhões de cabeças de gado e acabar com 100 mil proprietários de terra”, critica Sebastião Conti, presidente da Associação dos Fazendeiros de Rondônia.

“Destruir o latifúndio” é a bandeira que a LCP empunha para realizar a “revolução agrária”. Encapuzados, armados e bem treinados, os guerrilheiros da LCP espalham o terror para atingir seus objetivos.

“Eles destroem plantações, queimam fazendas e torturam funcionários. Isso não pode mais ficar assim”, cobra o deputado Mendes.

“Nós, sozinhos, não temos como combater esse grupo. Precisamos de ajuda de Brasília”, alerta o secretário-adjunto.

“Nossa preocupação é que movimentos armados como as Farc e o Sendero Luminoso começaram igual a LCP aqui. Quando o governo federal acordar já será tarde”, reclama.

Na próxima quinta- feira 24, a Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, da Câmara dos Deputados, convocou uma audiência pública para tratar das denúncias.

O Exército e o Ministério da Justiça não retornaram as ligações de ISTOÉ para comentar a situação.

  

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