Fugindo da falência rural 30/04/2008
- Tânia Rabello - O Estado de S.Paulo
Seguro agrícola é um insumo que obrigatoriamente tem de fazer parte do custo de produção de agricultores, defende o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva. ¨Não é possível que no país que é a maior agricultura dos trópicos e com tamanho nível de profissionalização e tecnificação no setor não haja um sistema consistente de seguro agrícola¨, diz. Ele informa que pretende, por meio de palestras, seminários e outros eventos, divulgar a idéia aos produtores rurais.
Aos 64 anos de idade, o presidente da SRB informa que possui um rebanho de corte de 2 mil cabeças e cultiva soja e milho em 500 hectares em Naviraí (MS). Ele lembra quando iniciou sua carreira como agricultor, aos 20 anos de idade. ¨Naquela época, os custos de produção eram muito baixos e o barril de petróleo custava US$ 2 a US$ 3¨, conta.
¨Se nós plantássemos milho e a safra não vingasse, as perdas eram irrisórias¨, diz. Atualmente, porém, com toda a tecnificação necessária à atividade, desde o uso de sementes melhoradas até maquinário sofisticado, além da exigência competitiva por altas produtividades, se houver perdas por questões climáticas ou outros problemas o prejuízo é grande. ¨A agricultura encareceu muito¨, continua. ¨Se o agricultor não colher num ano, nem no ano seguinte, pode falir.¨ Daí a necessidade de incorporar o seguro rural à atividade, como prevenção.
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INSUMO CARO
O presidente da SRB reconhece, porém, que se trata de um insumo caro, ¨porque pouca gente contrata seguro¨. Para ele, o governo federal tem de trabalhar principalmente para aumentar o subsídio ao prêmio do seguro agrícola (o prêmio é o valor pago pelo agricultor para segurar a lavoura). ¨O governo paulista já subsidia até 50% do valor do prêmio, conforme a cultura¨, lembra o presidente da SRB.
E a base para a melhoria do setor já existe. Ele cita, por exemplo, a quebra do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Com isso estão vindo para o País algumas das maiores resseguradoras privadas do mundo. ¨A aprovação, pelo Congresso Nacional, do fundo de catástrofe também foi outro passo importante, tomado a partir das reivindicações das lideranças rurais.¨
Atualmente, por exemplo, está em discussão uma nova renegociação da dívida agrícola, que se arrasta desde a safra 2003/2004, que quebrou por causa de problemas climáticos. ¨Não podemos ficar renegociando dívida agrícola a cada cinco anos¨, diz Ramalho da Silva. ¨Isso cria uma imagem negativa do agricultor, como se ele fosse incompetente e mau gerente¨, continua. ¨Se já houvesse no País um programa consistente de seguro agrícola essa renegociação que se arrasta há tantas safras seria desnecessária.¨
- 31.637 operações de seguro rural foram feitas em 2007, no âmbito do Programa de Subvenção ao Prêmio do Mapa
- 95,88% foi o crescimento do número de operações de seguro rural de 2006 para 2007, atribuído à subvenção ao prêmio
- R$ 60,96 milhões foi o total destinado ao programa de subvenção ao prêmio do seguro rural em 2007