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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Um plano de safra realista
04/07/2008 - O Estado de S.Paulo

O governo lançou um plano de safra com o objetivo de elevar para 150 milhões de toneladas a colheita de cereais, fibras e oleaginosas - produtos como arroz, feijão, milho, soja, trigo e algodão. Se tudo der certo, haverá um aumento de cerca de 5% sobre a produção estimada para este ano, 143,3 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O plano é parte do esforço para conter a inflação, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não é uma declaração para se levar muito a sério. Se tudo correr bem, será possível manter um bom abastecimento interno, como neste ano, e para sustentar um bom volume de exportações, como vem ocorrendo regularmente há muito tempo. Mas a evolução dos preços dependerá em boa parte do mercado internacional.

Se houver uma quebra na produção brasileira, as cotações serão pressionadas para cima. Derrubar os preços dos alimentos será mais complicado, mesmo com uma boa colheita: a evolução das cotações dependerá da oferta de outros grandes produtores, como os EUA e a Austrália, do nível dos juros internacionais e do custo dos insumos, a começar pelo petróleo. Na safra 2007-2008, ainda em curso, a produção brasileira deve ser 8,7% maior que a do período anterior, de acordo com a Conab. Não houve escassez de comida e mesmo assim os alimentos encareceram muito.

O plano é bom não porque possa produzir milagres contra a inflação, mas porque ajudará o agronegócio a continuar cumprindo papéis importantes para a economia nacional: abastecer o mercado interno com os melhores preços possíveis, garantir um bom resultado no comércio exterior e contribuir para o crescimento da indústria e dos serviços. De janeiro a maio, o superávit comercial do agronegócio chegou a US$ 22,55 bilhões. Foi 22,58% maior que o de igual período de 2007, enquanto o superávit global do comércio brasileiro encolheu. Teria encolhido muito mais, sem o suporte do agronegócio.


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O plano inclui R$ 65 bilhões de financiamentos para a agricultura empresarial e R$ 13 bilhões para a familiar. Dos R$ 65 bilhões, R$ 55 bilhões serão destinados a empréstimos para custeio e comercialização, um valor 12% maior que o da safra 2007-2008. A maior parte dessa fatia, R$ 45,4 bilhões, será concedida com juros controlados. Os outros R$ 10 bilhões irão para investimentos em máquinas, instalações, recuperação de áreas degradadas e adoção de práticas de conservação.

Os preços mínimos para arroz, feijão e milho são maiores, naturalmente, que os da safra 2007-2008, não só para estimular o plantio, mas também para permitir a recomposição dos estoques oficiais - que têm um custo considerável para o Tesouro, mas são um seguro contra grandes aumentos de preços e uma garantia importante de abastecimento e de proteção aos consumidores. O aumento mais notável é o do preço de garantia do feijão, de R$ 48,42 para R$ 80 por saca.

De modo geral, os instrumentos de política enumerados pelo governo são bem conhecidos e podem ser muito úteis, se manejados com eficiência e na hora certa, isto é, a tempo de impedir o agravamento dos problemas. A ampliação dos financiamentos e a elevação dos preços mínimos parecem, à primeira vista, apenas adequados ao grande aumento dos custos de produção e de transporte.

Houve, no entanto, pelo menos uma inovação digna de registro na apresentação do plano: a linguagem usada pelo presidente ao referir-se à agricultura familiar. Os chamados agricultores familiares, segundo ele, devem plantar para ganhar dinheiro, escolhendo os produtos de acordo com sua avaliação de rentabilidade.

A promessa de recursos para mecanização das pequenas propriedades parece de acordo com essa atitude. Se for uma disposição sincera, corresponderá ao reconhecimento da pequena produção como atividade capitalista. As propriedades familiares mais produtivas - aquelas de fato responsáveis por boa parte da oferta de alimentos - tomaram esse caminho há anos, operando como segmentos do agronegócio.

Falta o presidente comunicar essa percepção à ala mais atrasada de seu governo, aquela empenhada em combater o capitalismo, a modernização tecnológica e a busca da competitividade na produção rural.

  

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