Ingrid Betancourt: ¨Colômbia está isolada na região¨ 08/07/2008
- BBC
A ex-refém do grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Ingrid Betancourt, disse que ¨a Colômbia está isolada na região¨ e que ¨não teria votado em (Álvaro) Uribe¨ por causa de suas diferenças políticas com o presidente da Colômbia.
¨Há vezes em que a Colômbia vai na contramão em relação aos demais países da América Latina porque a situação da Colômbia é diferente da de todos os demais. É o único país que tem guerrilha e por isso estamos na extrema direita.¨
¨Quem elegeu Uribe foram as Farc. Se não existissem as Farc, não existiria Uribe. Os colombianos votaram em Uribe porque estão até o pescoço com as Farc.¨
PUBLICIDADE
Esquerda
Betancourt afirmou que tem uma divergência ¨fundamental¨ com o Uribe: a natureza da guerrilha.
¨Uribe concebe o problema colombiano como uma crise de violência, de segurança, e esta crise de segurança, esta violência, é o que cria um mal-estar social. Eu penso o contrário. Eu penso que é porque há um mal-estar social que há violência. Estas interpretações diferentes fazem com que as políticas para atacar o problema sejam diferentes.¨
Na entrevista, concedida ao repórter Gerardo Lissardy, da BBC Mundo, a ex-refém não descartou uma possível candidatura à Presidência.
¨A verdade é que penso que os espaços têm que se abrir naturalmente. Se vejo em algum momento que é bom para a Colômbia que eu esteja aí, estarei.¨
Ideologicamente ¨sempre serei de esquerda¨, disse Betancourt. A pessoa ¨tem que estar onde as pessoas sofrem, onde pode fazer a diferença¨.
Para ela, ¨as Farc não são de esquerda. A mim, me parece que são da extrema direita de alguma esquerda de um tempo pré-histórico. Mas de esquerda não são¨.
Chávez
Betancourt fez um pedido ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e ao do Equador, Rafael Correa, em tentativas de mediação junto às Farc para a libertação de reféns.
¨Não me importa que Chávez tenha contato com as Farc, se este contato com as Farc faz com que Chávez tenha influência sobre eles e que, através desta influência possa convencê-los a libertar meus companheiros.¨
¨A única coisa que peço a Chávez e a Correa é que entendam que as mudanças na Colômbia sejam feitas por via democrática e que eles têm que contar com o presidente da Colômbia.¨
A ex-refém disse que não foi bom que ¨Chávez tenha começado a vociferar e a utilizar um vocabulário que depois acabou com a possibilidade de qualquer tipo de comunicação com Uribe¨.
¨Acredito que nisso Chávez se equivocou.¨
Mas a ajuda do presidente venezuelano ainda é valiosa na opinião da ex-refém.
¨Ficaram outros e, de todas as formas, vamos continuar precisando de Chávez e então precisamos que se volte a fazer estas pontes.¨
Em uma outra entrevista a uma emissora à Rádio França Internacional, Betancourt disse que o governo colombiano deveria abrir mão do ¨vocabulário de ódio¨ contra os seus seqüestradores.
A ex-refém quer que as autoridades adotem um tom mais conciliatório para com as Farc para conseguir a libertação de mais pessoas que estejam nas mãos do grupo guerrilheiro.
As Farc, em luta contra o Estado colombiano há quatro décadas, mantém até 700 reféns em seu poder.
Compartilhe:
Comentários dos Leitores Os textos dos leitores são apresentados na ordem decrescente de data. As opiniões aqui reproduzidas não expressam necessariamente a opinião do site, sendo de responsabilidade de seus autores.
Comentário de cuiabano (cuiaba@cuiaba.com.br) Em 08/07/2008, 11h15
normal
A nobre Senadora está sofrendo do que, em jargão policial, se chama "Síndrome de Estocolmo".
Quem estudou gerenciamento de crise sabe o que é isso.
Só falta ela pedir anistia pros bons guerrilheirozinhos.