Opportunity tenta evitar uma fuga dos investidores 10/07/2008
- Blog de Josias de Souza - Folha Online
Afora os problemas jurídicos, o Banco Opportunity passou a conviver com um fantasma de natureza financeira: o risco de fuga de investidores.
Em menos de 48 horas, a casa bancária de Daniel Dantas emitiu duas notas. Chamou-as de “fatos relevantes”.
“Fato relevante” é o nome que se dá a informes redigidos por uma companhia com o propósito de repassar ao mercado dados considerados urgentes e indispensáveis.
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No caso do Opportunity, decidiu-se apelar à divulgação dos comunicados para evitar uma corrida dos investidores aos fundos administrados pelo banco.
Chama-se Opportunity Asset Management o braço do banco que se ocupa da gestão dos fundos. Administra uma carteira de cerca de R$ 20 bilhões.
A prisão do executivo Dório Ferman levara inquietação ao mercado. Formalmente, é ele o presidente do Opportunity. É também o principal operador dos fundos do banco.
Nesta quarta-feira (9), antes de saber que o presidente do STF, Gilmar Mendes, incluiria Ferman no despacho que ordenou a libertação dos presos do Opportunity, o banco tratou de se precaver.
Informou ao mercado, por meio de um “fato relevante”, o seguinte: “...Alguns diretores tiveram a sua prisão temporária decretada, pelo prazo de 5 dias...”
Mas as prisões “não comprometem a continuidade da gestão dos fundos de investimento, que permanecem sob a supervisão” de três profissionais:
“...do Professor Afonso Bevilaqua [ex-diretor do Banco Central], do diretor de Gestão Felipe Pádua e do diretor Comercial Fernando Rodrigues.”
De resto, informou-se que “a liquidez dos fundos de investimento permanece absolutamente adequada”.
Mais: “Para dar maior tranqüilidade e transparência aos nossos clientes e mercado em geral, as carteiras dos fundos estarão integralmente disponíveis.”
Em verdade, a transparência “integral” era, nesta quarta, apenas parcial. O Opportunity atualizou os dados relativos aos seus fundos.
Encontram-se disponíveis no sítio da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Mas os valores foram atualizados até o final de junho. Veja aqui, por exemplo, a situação do Opportunity DI.
São informações que, em condições normais, só seriam divulgadas para o mercado entre o final de agosto e o início de setembro.
Mas ainda não permitem saber os efeitos que tive sobre os fundos do Opportunity a prisão da cúpula do banco, decretada na terça (8) e relaxada na quarta (9) pelo STF.
O mercado aguarda para esta quinta-feira (10) a divulgação de cifras que permitam aferir o tamanho do problema.
No seu primeiro “fato relevante”, divulgado do dia das detenções, o Opportunity reconhecera um incremento dos saques. Nada, porém, que se parecesse com uma fuga.
“Até o momento, o saldo das movimentações realizadas por clientes em todos os fundos administrados pelo Banco Opportunity não ultrapassa 1,5% do patrimônio total administrado.”
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PS.: Com a chave provida por Gilmar Mendes, as portas da cadeia se abriram por volta de 5h30 desta quinta-feira (10).