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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Aluguéis sobem 15%. E os salários?
05/08/2008 - Pedro do Coutto - Tribuna da Imprensa

A partir deste mês, e na medida em que os contratos em vigor forem atingindo mais um ano, todos os aluguéis no País estarão sendo automaticamente reajustados em 15,1 por cento, já que é este o cálculo do IGPM da Fundação Getúlio Vargas, que corrige as locações de imóveis em geral. Ótima matéria assinada por Tatiana Resende, ¨Folha de S. Paulo¨ de 31 de julho, focaliza nitidamente o assunto.

Inclusive ressalta que o Índice de Preços no Atacado, componente mais forte do IGPM, puxou o valor da correção para cima, uma vez que alcançou nada menos que 17,9 por cento no primeiro semestre deste ano. Se mantido o mesmo ritmo para os próximos seis meses, os contratos que começarem a vencer em janeiro sofrerão uma elevação ainda maior do que a de agora. O IPA, como é chamado pelos economistas, é um indicador muito preciso em termos de futuro próximo.

O nome está dizendo: preço no atacado. Logo, se eles sobem no atacado, vão ser inevitavelmente repassados para o varejo. Ou seja, para todos nós. Os consumidores estão sempre - é claro - no fim da linha. Não têm para quem repassar seus custos ou seus encargos. Os assalariados não dispõem de máquinas de recalcular preços, como possuem, por exemplo, os supermercados. No caso dos aluguéis, não podem sequer deduzir do Imposto de Renda a pagar. Os rendimentos do trabalho, em situações como essa, encontram-se num beco sem saída. Não têm por onde escapar. A não ser consumir menos, no que for possível, ou endividar-se mais.


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Entretanto, no que se refere a endividamento, parece ter chegado o fim da linha. As dívidas dos empregados particulares, dos servidores das estatais e dos funcionários públicos alcançaram 1 trilhão de reais no primeiro trimestre deste ano. Bem mais do que a massa salarial brasileira, a qual, em doze meses, fica em torno de 750 bilhões, aproximadamente um terço do Produto Interno Bruto.

O problema, contudo, não é somente a absorção do volume dos salários pelos compromissos financiados, mas o fato de os juros mínimos serem de 50 por cento ao ano. Como pagar as dívidas se a fonte de receita, os salários, na melhor das hipóteses, é corrigida à base da inflação verificada. E agora IBGE?

De acordo com o IPCA, o índice inflacionário de junho de 2007 a junho de 2008 foi de exatamente 6 por cento. Os juros cobrados são 8,5 vezes maiores do que a correção aplicada pelo IBGE e também do que a atualização dos vencimentos do trabalho. Eis aí, inclusive, o grande impasse brasileiro: a concentração cada vez maior e não a redistribuição justa de renda. Mas me referi aos aluguéis. Não só eles sobem com o IGPM da Fundação Getúlio Vargas. Também as prestações dos financiamentos de casa própria.

Como os mutuários poderão continuar pagando em dia as prestações mensais, que, como é natural, recebem o impacto de juros sobre juros, de correção monetária sobre correção monetária? Uma pergunta difícil de responder. A resposta deveria caber ao IBGE se ele fosse o responsável pelas aplicações do FGTS, Caixa Econômica Federal, nos financiamentos imobiliários. Mas não é. Apenas responde pela aferição do custo de vida. Mas o impacto das locações imobiliárias levará o instituto a refazer cálculos. Sim.

Porque 15 por cento das famílias brasileiras, pelo último Anuário Estatístico, pagam aluguel. São em torno de 7,5 milhões de residências alugadas. Quanto pesa o aluguel na composição do IPCA ou do INPC? A média que conduz ao cálculo final terá que registrar este avanço. Não é possível o IBGE deixar de fazê-lo. Outra pergunta. Quanto pesam os remédios e os artigos de farmácia?

A última informação de que me lembro é que representam 7 por cento dos gastos familiares, em média. Ao longo dos últimos doze meses, em que escalas foram aumentados os preços dos remédios e produtos de higiene pessoal? Importante registrar o passado. Não menos prever o futuro próximo. Isso porque Tatiana Resende chama atenção em sua reportagem para dois aspectos fundamentais. De maio de 2007 a maio de 2008, o IGPM havia crescido 11,2 por cento. Porém, de julho a julho, avançou 15,1. Isso, de um lado. Assinala uma tendência à aceleração.

De outro, o IPA relativo aos doze últimos meses (17,9 por cento) é 120 por cento maior do que o índice de inflação encontrado pelo IBGE para o mesmo período, que, como vimos, é de apenas 6 por cento. Quer dizer: os preços, novamente, vão ganhar disparado a corrida contra os salários. Estes, sobretudo, cronicamente combalidos pela política trabalhista colocada em prática durante os dois governos de Fernando Henrique. Os salários caíram em anorexia, pode-se usar a imagem.

O sistema de reajuste melhorou inegavelmente com Lula, porém ainda não conseguiu recompor os prejuízos causados pela ação absolutamente anti-social de seu antecessor. Politicamente, sem dúvida, a popularidade de Lula no Ibope, no Datafolha e no Sensus-CNT tem origem na inevitável comparação que a opinião pública faz entre os dois presidentes da República. Vem daí, sem dúvida, a vantagem de Luís Inácio.

Mas já que falei no ângulo político, não sei se ele consegue transferir seus votos para a ministra Dilma Rousseff. O presidente está manobrando. Primeiro não queria a ministra nos palanques municipais deste ano. Agora mudou de opinião e até a incentiva. Mudou de visão em apenas uma semana. Há de ter suas razões. Precisa ocupar um espaço definido no PT, seu próprio partido. Sem a presença de um símbolo, o espaço ficaria vazio. É por aí. Mas quanto ao nosso bolso os aluguéis subiram. E os salários vão subir?

  

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