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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Nunca houve uma candidata como Sarah Palin
16/09/2008 - Pedro do Coutto

Não só na história dos Estados Unidos, mas também na história universal, nunca houve uma candidata como Sarah Palin, governadora do Alasca e que disputa a vice-presidência na chapa com John McCain. Não creio ser possível que alguém a tenha ultrapassado em matéria de ruptura dos limites políticos.

Na noite de quinta-feira, entrevistada pelo apresentador Charlie Gibson, da ABC, afirmou textualmente que ¨talvez tenhamos que ir à guerra contra a Rússia por causa da invasão da Geórgia e se este país vier a ser admitido na Organização do Trabalho do Atlântico Norte, a Otan¨.

¨O Globo¨ publicou a matéria na edição de 12/09. Uma seqüência de absurdos. Em primeiro lugar, ela não é candidata à presidência e sim à vice. Está assim eticamente rompendo limites tradicionais. Em segundo lugar, está respondendo por McCain. Que achará ele disto? Em terceiro, a declaração de guerra cabe ao Congresso. Num quarto estágio, ela esqueceu as tragédias da Coréia, do Vietnã e agora do Iraque. Mas não foi só isso. Ao responder uma pergunta de Gibson, disse estar pronta para assumir a Casa Branca num eventual impedimento de McCain, se ele for eleito.


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Francamente, tenho a impressão que Charlie Gibson vestiu a camisa de Barack Obama e colocou as duas perguntas como uma armadilha para o Partido Republicano. Jogou com o caráter impulsivo e pouco conseqüente da governadora. Se foi isso, alcançou êxito. Nenhuma guerra pode ser eleitoralmente positiva, ainda mais contra a Rússia. Seria calamidade universal. Sarah Palin acenou com tal hipótese. Por incrível que possa parecer, na realidade conhece pouco da história norte-americana.

Em 1952, Eisenhower, republicano, derrotou Adlai Stevenson, exatamente comprometendo-se a acabar com a guerra da Coréia. Cumpriu. Em 1968, Nixon venceu Humprhey assumindo o compromisso de terminar com a guerra fria entre Washington e Moscou e por fim ao conflito no sudeste asiático. O erro colossal de Watergate o impediu de concretizar todo o projeto, embora tenha se tornado o primeiro presidente do país a ir à China encontrar-se com Mao-Tsé-Tung e o primeiro-ministro Chou En Lai. Mas a estratégia funcionou nas urnas. Tanto assim que em 72 superou McGovern por dois terços a um dos votos. Inclusive em matéria de colégio eleitoral, só perdeu em Massachussets.

Outro exemplo em matéria da impopularidade da guerra aconteceu em 1945, não nos EUA, mas na Inglaterra. Depois da rendição alemã, o primeiro-ministro Winston Churchill atritou-se fortemente com Stálin, semanas antes da eleição. O povo britânico temeu um novo período de sacrifício e tragédia. Resultado: derrotou Churchill, um herói não somente nacional, mas universal, extraordinária figura da luta contra o nazismo de Hitler.

Nos Estados Unidos, mesmo no auge da guerra fria, que começou em 48 quando Stálin bloqueou os acessos terrestres a Berlim, Truman não pensou na hipótese de confronto. Nem com Moscou, nem com a China, apesar da Coréia. Tanto assim que, em 1951, quando o general Douglas McArthur, comandante militar no Oriente, defendeu publicamente o lançamento de uma bomba atômica na China, o presidente o demitiu sumariamente. Os exemplos são estes.

Sarah Palin ignorou todos eles. Usando o slogan de um filme famoso, digo eu, nunca houve uma candidata como Sarah Palin. Não bastasse o tema da guerra, mas também porque aceitou, de plano, na entrevista à ABC, a hipótese de substituir McCain na Casa Branca. Não é possível tenha ele ficado satisfeito.

Nem o próprio partido. Palin tinha várias maneiras de responder às duas perguntas. Preferiu os caminhos mais fáceis, enveredando por uma estrada que não aproxima, mas distancia os republicanos das urnas. Vamos, contudo, esperar os reflexos concretos nas próximas pesquisas. Posso estar enganado. Os números vão dizer. Mas, de qualquer forma, no desenrolar da campanha, incluindo os três debates programados na televisão, não acredito que o eleitorado americano deseje a guerra com a Rússia.

Vejo pelas reportagens publicadas pelo ¨Valor¨ e pela ¨Folha de S. Paulo¨, também edições de 12 de setembro, que a disputa entre Obama e McCain encontra-se equilibrada. Em termos percentuais de votos, vantagem de 3 pontos para o republicano, 47 a 44 por cento. Quanto à tendência dos colégios eleitorais, vantagem para Obama. Matéria de Edward Luce, do ¨Financial Times¨, reproduzida pelo ¨Valor¨, aponta 260 votos para o democrata, 227 para o republicano. Mas as tendências de Ohio, Virgínia, New Hampshire, Colorado e Nevada encontram-se indefinidas. Esta pesquisa é do Real Clear Politics. Ohio, em que Bush assegurou a vitória sobre John Kerry em 2004, inclui-se entre os grandes colégios com 20 pontos.

Na ¨Folha de S. Paulo¨, Andrés Murta, de Nova York, sustenta que Obama assegurou 217 pontos contra 216 de McCain, havendo 105 na faixa de indecisão. Os colégios todos somam 538 pontos, a maioria absoluta, portanto é de 270. Os maiores colégios são os da Califórnia e de Nova York. Neles, Obama vence por ampla margem, o mesmo ocorrendo em Illinois, seu estado, Massachussets, New Jersey, colado a Nova York, Michigan e Pensilvânia.

Mas McCain vence folgadamente no Texas e na Flórida, que estão no grupo dos maiores, além de ser franco favorito em todo o meio-oeste e no sul. Este o quadro de hoje. As duas interpretações no fundo convergem. E qual será o cenário de amanhã? Quais terão sido as conseqüências do arrebatamento de Sarah Palin? Afinal, nunca houve uma candidata como ela.

  

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