BNDES prevê fechamento de linhas de crédito e revisão de investimentos 30/09/2008
- Ricardo Leopoldo - Agência Estado
O chefe do Departamento de Risco de Mercado do BNDES, Fábio Giambiagi, afirmou que a crise financeira internacional já provoca dois tipos de seqüelas para o Brasil. Uma delas, segundo ele, é ¨o fechamento de linhas de crédito para empresas exportadoras, o que é uma decorrência do credit crunch (declínio de crédito) registrado atualmente¨. O outro efeito negativo é a revisão temporária dos planos de investimento das empresas no País.
¨É difícil imaginar hoje que os investimentos devem registrar taxas de expansão nos mesmos níveis previstos há três ou quatro meses¨, afirmou. ¨No calor dos acontecimentos, é muito difícil saber os efeitos para o próximo ano, pois o espectro de possibilidades em relação à crise é muito amplo¨, comentou.
Na avaliação de Giambiagi, boa parte das empresas deve estar aguardando os desdobramentos da crise financeira nos EUA, especialmente, em relação à solução que as autoridades norte-americanas encontrarão para atacar os problemas financeiros daquele país.
PUBLICIDADE
Embora avalie que hoje é muito difícil prever o que pode acontecer com a economia mundial no médio prazo, o economista traçou dois cenários prováveis. Num deles, as autoridades norte-americanas encontram um plano B em poucos dias e conseguem restabelecer a calma nos mercados. Nesse contexto, em três ou quatro meses, as empresas e os mercados estariam iniciando um processo de recuperação que poderia ganhar maior velocidade já no segundo semestre de 2009.
Uma outra alternativa é que a crise se aprofunde sem a aprovação de medidas emergenciais para atacar a crise nos EUA. Considerando esse cenário, Giambiagi pondera que seria possível que o auto-nervosismo dos mercados repetiria os fatos ocorridos na segunda-feira, inclusive com perdas expressivas de valores das ações negociadas em bolsas. ¨Mas é cedo para avaliarmos nesse momento o que poderá ocorrer e vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos, que são muito importantes para a economia mundial¨, afirmou.
Em relação à economia brasileira, Giambiagi afirmou que, em função da redução de crédito no mercado internacional, o BNDES poderá, temporariamente, aumentar sua participação na concessão de financiamentos para investimentos de longo prazo.
Na sexta-feira, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que em função da crise financeira internacional, a instituição poderá aumentar transitoriamente o aporte de financiamentos para investimentos das empresas. Ele destacou que normalmente os investimentos no Brasil são financiados da seguinte forma: um terço por capital próprio das empresas, um terço pelo BNDES e um terço pelo mercado de capitais.
Giambiagi ressaltou que a crise pode diminuir o ritmo da geração de empregos no País, mas ressaltou que há boas perspectivas para a redução desse nível, já que as taxas de desemprego no próximo ano deverão acompanhar a evolução do Produto Interno Bruto.
Os comentários dele foram feitos durante o evento ¨Fórum Estadão Crescimento e Previdência¨, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo e a Agência Estado, em São Paulo. O evento deve contar com a presença do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.