capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 23/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.926.561 pageviews  

Tema Livre Só pra quem tem opinião. E “güenta” o tranco

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Foi bom para a Rússia
28/11/2008 - O Estado de S.Paulo

A visita do presidente russo ao Brasil foi um sucesso -- para ele, Dmitri Medvedev, e para seu país. A aproximação com o País poderá beneficiar a Rússia em termos comerciais e políticos. A venda de helicópteros à Força Aérea Brasileira (FAB), contratada em outubro, poderá ser o primeiro de bons negócios na área da tecnologia militar e espacial. Outras oportunidades poderão surgir na execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu as portas ao fornecimento de turbinas e outros componentes para hidrelétricas e outras obras previstas para os próximos anos. Em troca, ofereceu tecnologia para a produção de biocombustíveis. Aparentemente, não se tocou numa questão concreta de grande interesse para o Brasil - a obtenção de uma cota para a venda de carnes ao mercado russo. O Brasil é um importante fornecedor de carnes para a Rússia, mas, na distribuição de cotas, continua incluído na rubrica ¨outros¨.

Para o governo russo, um envolvimento maior com o Brasil e com outros países da região é uma forma de reafirmar sua influência internacional. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, negociou grandes compras de armas e abriu as águas territoriais de seu país a navios da esquadra russa, propiciando ao primeiro-ministro Vladimir Putin a oportunidade para uma exibição militar no Caribe, isto é, na vizinhança dos Estados Unidos. Da perspectiva de Moscou, o Brasil, maior economia da região, é uma peça interessante para esse jogo, isto é, para seu esforço de reconquista do status de grande potência.

No plano diplomático, a contrapartida oferecida ao Brasil é muito menos tangível. O governo russo apóia formalmente a pretensão brasileira de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, se esse conselho for ampliado. Nessa troca, a Rússia recebe à vista, ampliando sua presença na região, e pagará a prazo - se tiver de pagar, porque isso dependerá da reforma da ONU.


PUBLICIDADE


O comunicado conjunto e os atos assinados durante a visita do presidente Medvedev são recheados de retórica, ricos de possibilidades para a Rússia e pobres de compromissos de real interesse para o Brasil. A Rússia aparece, nos dois documentos, como o país tecnologicamente desenvolvido e em condições de atender às necessidades de um parceiro dependente. Ao mencionar o fornecimento de máquinas para as centrais elétricas, o presidente Lula parece haver esquecido a experiência do Brasil como fabricante e exportador de equipamentos para grandes centrais. Se houver concorrência, será razoável admitir a participação da Rússia e de outros países, mas o presidente não parece haver pensado nesses detalhes.

Essa visita confirmou as diferenças entre as perspectivas políticas do governo russo e do brasileiro. Para a Rússia, o Brasil é um parceiro comercial significativo, mas é também, neste momento, um quadrado no tabuleiro geopolítico. O governo russo obviamente não leva a sério a idéia de uma aliança entre emergentes, a não ser para o objetivo de retornar à Primeira Divisão da política internacional.

O presidente Lula e seus estrategistas continuam, no entanto, agindo com uma concepção diplomática de tipo sindicalista. A primeira cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), prevista para 2009 em Moscou, tem com certeza significados muito diferentes para cada um dos governos envolvidos. Para russos, indianos e chineses, qualquer articulação entre os quatro só tem valor como instrumento de interesses nacionais. Só o governo do presidente Lula insiste em confundir os objetivos brasileiros com os interesses de grupos de países.

O presidente russo veio à América do Sul para participar, no Peru, da conferência do grupo de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec). Em seguida esticou a viagem programada para incluir também Venezuela e Cuba. Medvedev tem idéias claras e nada românticas a respeito dos objetivos de seu país na região. O governo brasileiro não demonstra a mesma capacidade, quando se trata de avaliar os interesses nacionais em relação à Rússia, à China, à Índia e aos parceiros da América Latina. Se tivesse, não teria colecionado desaforos de bolivianos, equatorianos, venezuelanos, cubanos e argentinos, sempre prontos para cobrar algo do Brasil e nunca dispostos a submeter os interesses nacionais aos de uma comunidade imaginária de países.

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques