Um leilão sem pretensões 21/12/2008
- O Estado de S.Paulo
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) ofereceu apenas blocos terrestres na 10ª Rodada de licitações, arrecadando bônus de R$ 89,4 milhões, 4,2% do obtido na 9ª Rodada, da qual já haviam sido retirados 41 blocos do pré-sal. Outras rodadas demoraram dias para terminar, mas essa exigiu uma única manhã, quinta-feira. A justificativa para sua realização foi não interromper os leilões anuais, feitos desde 1999.
Dos 130 blocos oferecidos, 54 atraíram interessados. A Petrobrás pagou R$ 39,9 milhões e foi a grande vencedora, ficando sozinha com 17 blocos e, em 10 outros blocos, ao lado da portuguesa Petrogal e da Partex - controlada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Predominaram as empresas brasileiras desde a etapa de qualificação. Entre as companhias globais, apenas a Shell, que já produz petróleo no País, mostrou interesse, conquistando 5 blocos na Bacia do São Francisco.
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A Petrobrás arrematou blocos próximos de regiões onde já descobrira óleo, como as das Bacias Potiguar e Sergipe-Alagoas. Na Bacia do Amazonas, a estatal pretende explorar áreas com estrutura geológica semelhante à dos campos de gás Azulão e Japiim, onde já fez descobertas de gás, afirmou o gerente de Exploração e Produção, Francisco Nepomuceno Filho.
O governo ofereceu áreas localizadas em 109 municípios de Minas, Bahia, Paraná, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Amazonas e Mato Grosso. Pela primeira vez, foram licitados blocos na Bacia de Parecis, em cidades como Lucas do Rio Verde e Sorriso, mais conhecidas como grandes produtoras agrícolas.
Foram oferecidos 100 campos maduros, em geral pouco produtivos, na 10ª Rodada, destinando-se, sobretudo, a companhias pequenas ou iniciantes na exploração de petróleo. Ainda assim, estão previstos investimentos de R$ 611 milhões, o que não é pouco em fase de recessão econômica e de preços do petróleo inferiores a US$ 40 o barril, 70% abaixo do pico de julho.
O leilão da ANP permitiu atrair, assim, investidores para regiões pobres ou em desenvolvimento, cuja vida econômica depende de novas atividades.
Ficou evidente, com a rodada, que para atrair mais companhias de porte, o governo terá de definir o marco regulatório das concessões, posto que o atual será alterado em razão das descobertas do pré-sal. Investimentos maciços em petróleo são de longo prazo, destinando-se ao aumento de reservas das empresas. Para companhias globais, as agruras conjunturais são menos importantes.