Inadimplência e aumento dos spreads 24/01/2009
- O Estado de S.Paulo
Com a forte reação da opinião pública contra os bancos - que reagiram apenas demagogicamente à redução de 1% da taxa Selic, mantendo porém muito elevado o spread (diferença entre a taxa de captação e de aplicação) -, eles tentaram se justificar argumentando com a incerteza sobre a evolução da economia e com o crescimento da inadimplência.
As estatísticas do Banco Central (BC) mostram que, no final de 2007, o spread era de 22,3 pontos porcentuais (p.p.) - 31,9 p.p. para as pessoas físicas (PFs) e 11,9 p.p. para as jurídicas (PJs). Já em novembro do ano passado havia subido para 30,2 p.p. (18,3 p.p. e 43,6 p.p., respectivamente). Ora, no mesmo período, a inadimplência geral caíra de 4,3% para 4,2% (2% a das PJs e 7,8% a das PFs). Assim, nada justifica o aumento do spread, no qual, segundo um estudo do BC de 1999, a inadimplência participa com 28% nos empréstimos às PFs e com 40% nos empréstimos às PJs.
É preciso lembrar que o aumento da inadimplência é em grande parte consequência da taxa de juros elevada, que, de dezembro de 2007 a novembro de 2008, passou em média de 22,9% ao ano para 31,2%, para as PJs, e de 31,9% para 43,6%, para as PFs, e essa última é uma média reduzida, pois nas operações de crédito consignado não há o risco de inadimplência. Para a média das outras operações a inadimplência ficou em 30,6% e 78,7%, respectivamente. Como se pode ver é a elevação da taxa de juros que está na origem de um aumento da inadimplência.
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Os bancos, com o objetivo de aumentar seus lucros, realizaram empréstimos, especialmente para as pessoas físicas, sem examinar com critérios rigorosos se elas tinham condições de honrar seus compromissos.
Não se registra um grande empenho das instituições financeiras em favor da formação de um cadastro positivo de tomadores adimplentes, que poderia orientar a análise de créditos para as pessoas físicas. Nota-se que as PJs têm taxa de inadimplência muito menor.
A questão mais importante é saber se o risco da inadimplência tem de ser coberto por spreads elevados ou por uma reserva oriunda dos lucros, que nesses últimos anos cresceram numa proporção impressionante, o que mostra claramente que não se justificavam os spreads tão absurdos.
Podemos entender que, dada a atual conjuntura, é de se prever aumento da inadimplência, o que exigiria maior cuidado na distribuição dos créditos e redução dos seus prazos, mas com taxa de juros menor.
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Comentário de Edu (edudisponivel@hotmail.com) Em 24/01/2009, 14h37
Balela
Isso é bobeira o certo é: "Banco quer ganhar de qualquer jeito" dane-se Presidente, dane-se o povo!