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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

O desembarque de Lula
01/08/2009 - O Estado de S.Paulo

Palavras de políticos, em geral, são gêneros sabidamente perecíveis. Mas, na cena brasileira, nenhum deles se compara ao presidente Lula na sem-cerimônia com que nega hoje o que dizia ontem. Na sua defesa do presidente do Senado, José Sarney, ele atravessou todos os sinais de prudência. Proclamou, coroando a sua trajetória de acomodação a tudo que outrora condenava, que Sarney não pode ser tratado "como se fosse uma pessoa comum". Não menos espantosamente, advertiu o Ministério Público a pensar "na biografia de quem está sendo investigado" e, num daqueles arroubos de quase-lógica que trazem a sua marca, ensinou que "uma coisa é matar, outra coisa é roubar, outra coisa é pedir emprego, outra é fazer lobby".

Durante um mês e meio, em suma, assumiu de corpo e alma o patrocínio do oligarca acossado por acusações uma mais devastadora que a outra - e até por flagrantes de ações indecorosas. Incapaz de pressentir que o aliado desceria inexoravelmente a ladeira, interferiu às escâncaras nos assuntos internos do Senado, como se fosse uma extensão do Executivo, e não hesitou em usar o tacape para enquadrar a bancada petista, favorável a que Sarney se licencie do cargo, culminando com a desqualificação ostensiva do seu líder Aloizio Mercadante. Mas, quando finalmente caiu a ficha de que perdeu a parada, desembarcou com os mesmos estrépito e desrespeito pela memória do público que já lhe serviram para se desvencilhar de companheiros caídos em desgraça, como os ministros José Dirceu e Antonio Palocci.

"Não é problema meu", afirmou numa entrevista, na quinta-feira, a uma pergunta sobre o destino do político a que se atrelara para não correr riscos na CPI da Petrobrás, controlar a agenda de votações no Senado e trazer o PMDB inteiro à candidatura Dilma Rousseff. "Não votei no presidente Sarney para ser presidente do Senado. Nem votei nele para ser senador no Maranhão", reiterou, no limite da deselegância (e confundindo o Estado com o Amapá). "Então, quem tem que decidir se o presidente Sarney tem de ficar na presidência do Senado é o Senado, não eu." Naturalmente, ele não tem a mais remota intenção de acompanhar a distância os desdobramentos da crise e o inevitável afastamento de Sarney. Nenhum outro presidente, no seu lugar, se omitiria. Mas outros talvez não mentissem com tanta desfaçatez sobre as suas intenções.


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O problema de Lula - e do Senado - é que Sarney parece enredado em dilemas. Ficou claro, desde as primeiras denúncias que o atingiram, que o seu motivo primeiro para se entrincheirar na direção da Casa era o de manter intacta a sua decantada influência para proteger a família, principalmente o primogênito Fernando, que conduz os negócios do clã, visado de há muito por investigações da Polícia Federal. Não só deu errado - Fernando, a mulher e sete outros comparsas foram indiciados por diversos crimes -, como ainda as revelações simultâneas sobre o desvelo do pai em cuidar da sua gente no Senado acabaram acentuando a exposição daqueles a quem ele queria preservar. A gota d?água foram as fitas em que se ouve Sarney acertando com o filho a nomeação (que se daria por ato secreto) do namorado da neta. A esta altura, a família parece acreditar que, saindo Sarney, o foco dos holofotes será outro.

Já a sua tropa de choque, liderada pelo líder do PMDB, Renan Calheiros, o incentiva a resistir. A patota conta com os seus paus-mandados no Conselho de Ética, a começar do presidente Paulo Duque, para rejeitar as representações contra Sarney. É improvável, de todo modo, que ele se limite a deixar a presidência, a exemplo do próprio Calheiros em 2007. A sua biografia, como diria Lula, e a insistência com que alega ser vítima inocente de "tortura moral" (vide artigo O fim dos Direitos Individuais, na página A-2 da Folha de S.Paulo de sexta-feira) o induziriam a renunciar ao mandato, em um ato que trataria de tornar grandioso. Sem Sarney, o Conselho de Ética zeraria o jogo, engavetando também as anunciadas representações contra o líder tucano Arthur Virgílio - enquanto se costuraria um acordo para a sucessão. O nome da hora é o do ex-ministro Francisco Dornelles, único senador do PP, que atua em bloco com o PMDB.

Como sempre, falta apenas combinar com o imponderável.

  

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