Campeões fora de campo 18/08/2009
- Eduardo Vieira da Costa*
O último título de grande expressão do Atlético-MG foi o Campeonato Brasileiro de 1971, primeira edição do torneio, há 38 anos. Ou seja, ninguém que tenha menos de 40 anos viu o time levantar um troféu nacional.
Ainda assim, a Massa Atleticana é a torcida mais fiel do Brasil. Pelo menos no que se refere à presença no estádio no primeiro turno do atual Brasileirão.
O Galo é o único clube da Série A com média de público superior a 40 mil pagantes nos jogos em casa. Atingiu a marca no empate por 1 a 1 com o Palmeiras, que levou 51.532 pessoas ao estádio.
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O time mineiro, aliás, já teve quatro partidas com público superior a 50 mil, sendo que a média de público de todo o campeonato é de apenas 15.442.
O jogo com maior público do torneio até agora foi Flamengo 2 x 1 Atlético-PR, com 68.217 --número maior que a capacidade atual do Mineirão, que é de cerca de 64 mil.
Apesar de não ter conseguido o primeiro lugar, o Atlético-MG foi responsável por nada menos do que seis dos dez maiores públicos até agora.
Na classificação geral, o Flamengo fica em segundo lugar e bem atrás, com 30.792 de média até agora. Em seguida aparecem Grêmio (19.373), São Paulo (18.174) e Corinthians (18.151). O arquirrival Cruzeiro é apenas o sétimo colocado (16.393).
Mas como é que a torcida se mantém fiel ao Atlético-MG, mesmo com a falta de conquistas? Tudo bem que o clube tenha levado diversos Mineiros ou que tenha vencido duas Taças Conmebol (1992 e 1997).
A resposta é: não há explicação. Simplesmente é assim. Não dizem que a torcida corintiana cresceu como nunca na época do jejum de 23 anos? É assim. Paixão sem explicação.
E não é que esteja acontecendo um fenômeno com o Atlético-MG. Não é uma coisa pontual. Mesmo tendo apenas um título em campo, o Galo já foi campeão de público do Brasileirão em nove oportunidades. Fica atrás só do Flamengo, com 11, e à frente do Corinthians, com 5.
Até mesmo quando estava na Série B, em 2006, o Atlético-MG conseguiu o feito de ter um jogo com recorde de público das três divisões então existentes: 57.851 em uma goleada sobre o Avaí.
O Atlético-MG é um time da massa, um time do povo. Se 38 anos sem grandes conquistas não mudaram isso, nada vai mudar.
Mas título em campo também não faz mal a ninguém, não é mesmo?
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Para registro, a camisa atual do Atlético-MG, sem patrocínio, é a mais bonita do Brasil atualmente.
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*Eduardo Vieira da Costa é editor de Esporte da Folha Online