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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Estádios para a Fifa ou para o Brasil?
13/09/2009 - Erich Beting

Bom, vamos tentar aprofundar mais aqui a discussão sobre a Copa do Mundo no Brasil e os estádios que farão parte dela.

O primeiro e importante ponto a se destacar é o fato de que deve ficar claro que a Copa do Mundo é NO Brasil. E destaco o NO porque ela não é uma propriedade do país, mas da Fifa. Ou seja, é Copa do Mundo Fifa, sendo realizada no nosso país.

Quando, em 2006, Joseph Blatter disse isso a respeito da Copa na Alemanha, o povo alemão enfureceu-se, esperneou, mas de nada adiantou. Bandeira de governo, com o objetivo de mostrar um país reunificado e receptivo a todos os povos, a Alemanha se irritou ao ver Blatter dizer que a propriedade do evento é da sua entidade e que apenas o local onde ele aconteceria era o país europeu.


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Antes de as vuvuzelas soarem, explico que esse preâmbulo se faz necessário. Porque ele é importante para invertemos o início da discussão sobre os estádios brasileiros para a Copa do Mundo.

A Fifa estipula o seu caderno de encargos, com tudo o que é necessário ter para um estádio fazer parte do Mundial. E as críticas feitas ao Morumbi são de que ele não comporta as exigências da Fifa. Ou, pelo menos, parte delas. A história é complicada e envolve um delicado jogo político que pode ter no meio até interesse comercial de Jerôme Valcke, secretário da Fifa, na construção de um novo estádio no Brasil (a notícia é da Folha de São Paulo e atribuída a dirigentes do São Paulo).

Pois bem. O caderno de encargos da Fifa traz uma série de sugestões de como deve ser o estádio que receberá jogos do Mundial. Além disso, ele determina algumas especificações que vão além do básico no caso de o estádio receber a abertura do torneio ou o seu encerramento.

Mas, afinal, um estádio deve se preocupar em seguir tudo o que determina a Fifa, não importando o preço dessas reformas?

Obviamente, não. Um estádio não tem de estar adequado apenas para a Copa do Mundo. Ele tem de estar apto para ser um local que seja sustentável antes, durante e depois do Mundial.

E é isso o que ninguém discute. Nos últimos tempos foi criado um mito em cima do caderno de encargos da Fifa que tem feito com que a principal discussão seja deixada em último plano.

Não é a Copa do Mundo quem vai determinar o que deve ser o estádio. É a viabilidade local que deve ser estudada, mais do que as regras da Fifa. Daí vem o meu questionamento não só à situação paulistana, mas a de diversas outras sedes escolhidas para a Copa brasileira.

Manaus e Cuiabá, por exemplo, são cidades em que um estádio dificilmente será viável no longo prazo. A capital amazonense planeja uma arena para 42 mil torcedores. Já no Mato Grosso, a ideia é que o estádio tenha assento para 45 mil torcedores.

E depois do Mundial? O que será feito com tanto espaço? Quantos jogos cada cidade receberá? Provavelmente não mais do que cinco jogos. E quais times locais justificariam o uso do estádio após a Copa?

O mesmo pode valer para Brasília, com um estádio projetado para 70 mil lugares! Ou em Natal, onde há a expectativa de se construir uma arena para 45 mil espectadores.

Antes que se comece a falar do conceito de arena multiuso, uma premissa tem de ficar clara. Não é só do futebol que se vive a arena, é claro, mas é dele que vem a principal fonte de receita. Querer dizer que um estádio se paga com shows é uma grande falácia. Afinal, quantos shows assistimos ao longo do ano no país? Além disso, quantos meses do ano um astro da música fica em turnê? Pois é, não é toda semana que se ocupa um estádio com shows, cenário que é bem diferente do futebol.

Por isso mesmo, a cidade de São Paulo não comporta um novo estádio. A não ser que se resolva dar um novo destino a qualquer uma das arenas restantes.

O que precisa ficar claro é que a discussão não deve ser sobre a qualidade de um ou outro estádio, mas sim sobre a condição financeira de se ter um novo estádio no Brasil da Copa do Mundo. Porque as exigências da Fifa levam em conta apenas a preocupação dela com o evento, sem considerar se o estádio que ficará está localizado numa cidade de 10 mil ou de 10 milhões de habitantes. E isso tem um impacto gigantesco no longo prazo.

Não é de se estranhar que não haja interesse privado em investir nos estádios do Mundial. Qual a certeza de retorno financeiro do empreendimento? Como fazer com que, no longo prazo, esse espaço tenha rentabilidade?

A cada exemplo que vemos, notamos que o Brasil não está preparado, ainda, para esse nível de discussão. Por enquanto, a maior preocupação é política e, na maioria das vezes, levada para o lado passional. Preocupação com conforto do torcedor, com a qualidade do espetáculo, com boas opções de estacionamento, com a área de hospitalidade, com o acesso via transporte público ao estádio, bem como com os serviços de comida e bebida. Tudo isso é assunto para não mais ser debatido, mas sim aplicado nos estádios de futebol do Brasil.

E tudo isso não depende da Copa do Mundo, mas sim de uma nova leitura para o futebol e, especialmente, para o relacionamento com o torcedor. É ele o principal cliente da modalidade, e não a Fifa, ou o dirigente.

Só que, até agora, o que se vê é exatamente o contrário. Um falatório generalizado de que os estádios devem se adequar plenamente às normas da Fifa para poder estar na Copa do Mundo, sem se preocupar com o que vem antes e depois.

Uma Copa do Mundo representa para o país-sede uma grande oportunidade. É momento para aprender como fazer, de fato, um estádio de futebol ser um espaço moderno e que represente boa chance de receita para o seu dono.

Enquanto o torcedor não se der conta de que o maior problema não é fazer o estádio como manda a Fifa, mas sim como exige a demanda do país, a Copa do Mundo representará um fracasso financeiro para o Brasil.

Sim, não tem como não seguir a Fifa se quiser ter a Copa. Mas os estádios poderiam, ao mínimo, estarem projetados para sofrerem uma redução de público tão logo passasse o Mundial. Porque, realmente, não dá para pensar como Cuiabá, Manaus, Natal e diversas outras sedes farão com estádios imensos depois que o furacão passar. Ou, ainda, como a cidade de São Paulo fará para construir um novo estádio sem ser com dinheiro público.

Ou a população entende que a discussão tem de ser essa, e não se o estádio se adéqua à Fifa, ou estaremos fadados a permitir que a política determine o destino da verba da Copa.

E, aí, já viu...

  

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