Passei uns dias da semana no Rio e foi de lá que postei no meu Facebook o seguinte texto: "Rio ou Rios? Na TV, 33 mortos, barbárie, desespero. Na zona sul, gente bonita, descontraía, jogando vôlei na praia ou jogando conversa fora em bares e calçadas... Só os restaurantes mais chiques, com público acima dos 40, estão meio caídos. É lei seca + proibição do cigarro + violência, dizem..."
Como sempre, houve reações a favor e contra, mas todas concordando com os muitos Rios que coexistem, como a vida teima em ir em frente apesar dos percalços e como o Rio ainda se mantém com cara de cidade civilizada, apesar de nos surpreender a cada dia.
Na manhã seguinte ao post a surpresa vem muito desagradável, com a notícia da morte rapaz do AfroReggae, que faz um trabalho lindo de inclusão social.
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Em seguida à notícia, o choque de ver as imagens do carro da PM, o roubo dos pertences que haviam sido levados do rapaz abatido a tiros, a liberação dos assassinos e, o mais hediondo, a nauseante, injustificável, inqualificável omissão de socorro.
Guarde bem estes nomes: capitão Denis Leonard Nogueira Bizarro e cabo Marcos de Oliveira Salles.
Capitão? Cabo?
Não, bandidos, facínoras fardados cujas imagens não deixam dúvida sobre o tipo de "trabalho" que executam.
"Não vou sujar meu carro com sangue de vagabundo", deve ter pensado o capitão. "Deixa morrer, um a menos", deve ter completado o soldado.
Os idiotas não foram capazes de supor que iriam à execração pública por causa das imagens gravadas e que estão em todo canto na internet.
Imagine o que está pensando a mãe ou o pai deste capitão. Como será que seu filho ou sua filha (se os tiver) serão tratados pelos colegas de escola? E a esposa de qualquer um deles, será que está orgulhosa do homem com quem escolhe viver?
Ou todo mundo vai achar tudo isso normal, justificável, como insinuou o "relações públicas" da PM, pronta e devidamente demitido pelo governador.
Aliás, um governador jovem e esforçado, que poderia aproveitar este momento em que a corporação está em péssima evidência para fazer uma grande e profunda faxina. Terá ao seu lado policiais do bem, que obviamente honram a farda da PM do Rio, conheci vários desses quando morei na cidade, para extirpar cânceres como Bizarro e Salles de suas fileiras.
Para que as pessoas, no Rio, possam, quem sabe antes de 2016, perder o medo de viver na cidade.
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*Luiz Caversan é jornalista, produtor cultural e consultor na área de comunicação corporativa