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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Redescobrindo os EUA
07/01/2010 - O Estado de S.Paulo

Os Estados Unidos -- quem diria? -- são importantes demais para serem deixados em segundo lugar na pauta de exportações do Brasil. "Vamos investir muito em 2010 no mercado americano", prometeu o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, ao comentar os números de exportação e importação do ano passado. Em 2009, os exportadores brasileiros venderam aos Estados Unidos US$ 15,7 bilhões em mercadorias. Esse valor foi 42,4% menor que o do ano anterior. Os americanos perderam para os chineses o posto de maiores clientes do Brasil. Em Brasília, pelo menos em um Ministério esse fato parece provocar alguma reação e estimular um novo interesse comercial pela maior potência econômica do mundo.

A reação do secretário Barral é positiva, mas só produzirá resultados se envolver o primeiro escalão do governo. Há sete anos o mercado americano deixou de ser assunto prioritário para os formuladores da diplomacia comercial brasileira. Essa atitude parece haver contaminado até o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, embora sua orientação, a partir de 2003, tenha sido quase sempre mais pragmática e realista que a do Itamaraty.

Há um aspecto interessante, e quase divertido, na preocupação demonstrada pelo secretário Welber Barral. A redução das exportações para o mercado americano é facilmente explicável pela severa recessão nos Estados Unidos. Vários outros países perderam vendas para esse mercado em 2009. Em contrapartida, o mercado chinês se manteve dinâmico, porque a economia da China, embora afetada pela crise, continuou crescendo firmemente.


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Em 2009, a participação brasileira nas importações americanas de bens não foi muito diferente da observada nos anos anteriores: ficou próxima de 1,4%. O problema realmente importante, no comércio Brasil-Estados Unidos, não ocorreu no ano passado. O grande erro foi cometido em 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, influenciado por seus estrategistas, decidiu enterrar o projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os governos brasileiro e argentino uniram-se para essa tolice. Fizeram a maior parte do trabalho, complementado, depois, pelas autoridades americanas. Em 2004, foi a sua vez de exibir intransigência e de contribuir para o fracasso das negociações.

Há alguns anos, o presidente Lula vangloriou-se, num encontro com sindicalistas, de haver tirado a Alca da pauta. Nessa ocasião, ele admitiu publicamente, pela primeira vez, o fato conhecido de quem acompanhava o assunto. A intransigência americana, em 2004, apenas facilitou o trabalho dos governos brasileiro e argentino. Nos anos seguintes, o presidente e seus conselheiros vangloriaram-se várias vezes de haver redistribuído geograficamente as exportações brasileiras, diminuindo a dependência do mercado americano. A história real é outra: o Brasil limitou-se a acompanhar o crescimento do mercado americano e deixou as novas oportunidades a parceiros mais pragmáticos -- entre eles China, Índia e Rússia, os outros Brics.

Entre 2003 e 2008, as exportações brasileiras para os Estados Unidos aumentaram 70% em valor e sua participação nas importações americanas variou de 1,42% para 1,44% ? praticamente nada. Nesse período, as vendas da China para os Estados Unidos cresceram 121,58% e sua fatia desse mercado aumentou de 12,12% para 16,05%. A fatia russa passou de 0,68% para 1,27%, quase dobrando, portanto, e a indiana cresceu de 1,04% para 1,22%. Os demais Brics, portanto, deram muito mais atenção aos Estados Unidos -- sem negligenciar a conquista de outros mercados, incluída a América do Sul.

A África do Sul, também escolhida para uma parceria estratégica pelo governo Lula, tampouco desprezou o potencial de consumo da maior economia do planeta. Suas vendas para os Estados Unidos, ainda comparativamente pequenas, aumentaram 118,67% entre 2003 e 2008 e sua participação no mercado americano expandiu-se de 0,36% para 0,47%. Numa das últimas tentativas de salvar a Alca, o negociador americano, Robert Zoellick, advertiu: se o acordo fosse concluído, os brasileiros teriam vantagem de alguns anos em relação aos chineses para ocupar o mercado americano. O conselho era bom e foi desprezado.

  

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