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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Um governo pendente da carótida
08/02/2010 - Ariel Palácios - O Estado de S.Paulo

Foi breve, mas impactante. Durante quase três horas a classe política argentina ficou pendente da carótida direita do “primeiro-cavalheiro”, isto é, o marido da presidente Cristina Kirchner, o ex-presidente e atual deputado Néstor Kirchner.

A carótida de Kirchner – soube-se mais tarde – estava obstruída por uma placa ulcerada.
Entre os primeiros rumores sobre sua internação e o final da operação, concluída com sucesso pelos médicos, o governo viveu horas de elevada tensão, já que Kirchner não é um primeiro-cavalheiro qualquer, pois é o homem mais poderoso do país, o verdadeiro poder no governo de sua esposa, Cristina. Para complicar, diversos rumores que circulavam no hospital indicavam que o ex-presidente havia sofrido um AVC.

Seu eventual falecimento teria evidenciado a fragilidade do governo de Cristina Kirchner, já que é o ex-presidente quem emite as ordens de comando. Kirchner reúne-se com os ministros de sua esposa (vários deles herdados de sua presidência), recebe líderes sindicais para fechar acordos, além de empresários.

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Antes da operação, o primaz da Argentina, o Cardeal Jorge Bergoglio, havia enviado um sacerdote ao hospital para fornecer a Kirchner a “unção dos doentes”.
No entanto, Kirchner – que há anos mantém um tenso conflito com a cúpula da Igreja Católica - recusou-se a receber a unção.

A cirurgia – que durou pouco mais de uma hora – foi encerrada com o sucesso dos médicos. Pouco depois do final da operação, o chanceler Jorge Taiana afirmou à imprensa que a cirurgia concluiu “bem”. Kirchner ficaria em terapia intensiva 48 horas. “Poderá levar uma vida normal”, disse o médico Victor Caramutti, que operou Kirchner.

O homem mais poderoso da Argentina – e também um dos mais impopulares – havia começado a passar mal de manhã, quando sentiu as pernas adormecidas. Na sequência, sentiu adormecimento nos braços.

Kirchner foi internado no Hospital de Los Arcos, no bairro de Palermo, instituição onde já estiveram o técnico Diego Armando Maradona e a cantora Mercedes Sosa, falecida recentemente.

A operação coincide com uma época de elevada tensão para o casal Kirchner, suspeito de casos de corrupção e acusado de enriquecimento ilícito. De quebra, o casal sofreu várias derrotas políticas.

A presidente Cristina Kirchner estava no hospital no momento da operação, acompanhada por seus filhos Máximo e Florencia. Todo o gabinete de ministros de Cristina, praticamente o mesmo de seu antecessor e marido, também esteve no hospital aguardando o final da cirurgia.

Coincidentemente, a presidente Cristina havia perguntado pela saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um encontro que teve com o chanceler Celso Amorim, na semana passada, em Buenos Aires.

Cinquenta militantes kirchneristas aglomeravam-se nas portas do hospital segurando cartazes com dizeres de estímulo ao ex-presidente e desenhos de pinguins.

INTESTINOS

A ida apressada de “El Pingüino” (O Pinguim), como é chamado popularmente, ao hospital por causa da carótida chamou a atenção dos argentinos, já que estes somente tinham conhecimento dos problemas intestinais do ex-presidente.

No início dos anos 80, antes de iniciar sua carreira política, Kirchner foi operado de pólipos no cólon.

Em 2004, menos de um ano após ter tomado posse como presidente, Kirchner sofreu uma hemorragia no duodeno.

A biógrafa não-oficial do casal Kirchner, a jornalista Olga Wornat, indicou no livro “Reina Cristina” (Rainha Cristina) que Kirchner quase morreu naquele ano.

Wornat relata como Cristina Kirchner, na época senadora, lhe confessou que havia sentado sobre a tampa do vaso sanitário do banheiro da sala de enfermeiras do hospital da pequena cidade de Río Gallegos, no extremo sul da Argentina, enquanto cobria seu rosto com as mãos e chorava sem consolo.

Enquanto ela chorava, o presidente Kirchner, estava naquele momento internado na sala vizinha por causa de uma gravíssima hemorragia.

Na época da operação, os médicos anunciaram que o presidente havia tido uma gastroduodenite sem maior gravidade provocada pelos anti-inflamatórios que ingeriu para aliviar uma dor de dente.

Mas, segundo Wornat, naquela operação em 2004, Kirchner perdeu dois litros e meio de sangue. Os médicos, desesperados, não conseguiam deter a hemorragia. Finalmente, após uma tensa operação, Kirchner recuperou-se.

Segundo Wornat, Cristina Kirchner lhe explicou porque manteve silêncio nos dias em que seu marido esteve internado: “não falei porque não tinha vontade...mais além de ser o presidente, antes de tudo é meu marido”.

CARÓTIDAS PRESIDENCIAIS

Dois antecessores de Kirchner tiveram o mesmo problema de saúde. Em 1993 o então presidente Carlos Menem (1989-99) foi operado da carótida. Na época, os mercados ficaram tumultuados, já que o país estava em plena etapa de privatizações. O ministro da Economia, Domingo Cavallo, teve que aparecer diversas vezes na televisão para acalmar os ânimos sobre os rumos da economia, caso Menem ficasse inabilitado para governar.
“El Turco”, como Menem era conhecido popularmente, ficou internado durante quatro dias. Ele até aproveitou sua convalescência para dar o pontapé inicial em negociações que permitiram, um ano depois, alterar a Constituição, de forma a permitir a reeleição.

Em 2001 foi a vez do presidente Fernando De la Rúa. A obstrução na carótida do presidente ocorreu em meio à grave crise econômica e à fuga de divisas que levaria ao colapso da economia argentina no final daquele ano. Coincidentemente, mais uma vez, Cavallo era o ministro da Economia.

  

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