Por trás dessa marola verde que está ajudando Marina Silva, há uma ajuda involuntária do presidente Lula. Basta ver a última pesquisa Datafolha que, além de mostrar a subida da candidata do PV, revela a possibilidade de um segundo turno.

Os dados revelam que a maior queda de Dilma Rousseff ocorreu nos segmentos mais escolarizados -- ou seja, mais atentos e informados. Pesaram, claro, as denúncias de desvios na Casa Civil. É justamente o público de maior escolaridade que, nessa reta final, vem olhando com mais simpatia para Marina. Pesquisa Datafolha indica que ela está em primeiro lugar entre os alunos da USP.

Digo aqui que Lula dá uma ajudinha por seus excessos verbais que deixam preocupados segmentos da sociedade que temem pelo excesso de concentração nas mãos de um partido --e Lula, nessa campanha, não se comporta como presidente, mas chefe de partido.


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Há um segmento da população que ainda tem memória do regime militar e fica preocupado quando um presidente, apoiado em segmentos corporativos e sociais, ataca a imprensa, trazendo o temor de que se poderia implantar algum tipo de controle. Em seus oito anos de mandatos, vamos reconhecer, ele não tomou nenhuma atitude concreta para cercear as liberdades.

Mas suas simpatias pelos governos da Venezuela, Equador, Irã, Argentina ou Bolívia, estimulam, justa ou injustamente, as suspeitas. Ainda mais quando aliados do PT do tipo UNE, MST e CUT se manifestam abertamente contra a cobertura da imprensa, acenando com propostas de controle social da mídia.

Não dá para saber exatamente quanto, mas um pedaço da marola verde tem um empurrão de Lula.

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*Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo

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