Transmissão de energia e meio ambiente 07/11/2010
- O Estado de S.Paulo
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promoverá, em dezembro, leilão de 685 km de linhas de transmissão de eletricidade e de 10 subestações nos Estados do Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará, prevendo investimentos de R$ 890 milhões.
O retorno de aplicações em transmissão não é elevado, mas, dados os juros baixos no exterior, as linhas tendem a ser atrativas para investidores locais e internacionais que querem obter renda segura - ou para estatais, caso da Eletrobrás.
Em 2010 o ritmo dos leilões foi mais lento do que no biênio 2008/2009, e a extensão das linhas licitadas será de 2.757 km, ante 3.402 km, em 2009, e 8.968 km, em 2008.
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A maior parte das linhas de transmissão licitadas está em fase de projeto ou início de execução na Região Amazônica e em áreas de preservação ambiental, biomas ou reservas indígenas. Em 2009 foram leiloadas, na Amazônia, as concessões dos trechos Jauru-Porto Velho, Porto Velho-Rio Branco e Jauru-Cuiabá, com mais de 1,8 mil km - necessários para enviar à Região Sudeste a energia das Usinas Santo Antônio e Jirau.
Outras linhas nas Regiões Norte e Centro-Oeste, como Tucuruí a Jurupari, Jurupari a Oriximiná, Oriximiná a Itacoatiara e Maggi a Juína, terão mais de 2,5 mil km, sem contar os 4,75 mil km das duas linhas coletoras entre Porto Velho e Araraquara, destino final da energia do Madeira.
Como alertaram os especialistas Adriano Pires e Abel Holtz, em artigo no Estado (A Escolha, 4/10, B2), as autorizações ambientais são essenciais à construção das linhas, mas muitas licenças de implantação ainda não foram concedidas, com o risco de prejuízos, como na linha Tucuruí-Marabá-Manaus, essencial para a inclusão de Manaus no Sistema Interligado Nacional (SIN) e para a diminuição do custo da eletricidade do Sistema Isolado, ônus que é distribuído entre todos os consumidores.
As principais hidrelétricas em construção - Santo Antônio, Jirau e Belo Monte - são distantes dos centros de consumo e, para reduzir o impacto ambiental, vão gerar energia a fio d"água, ou seja, não poderão usar toda a capacidade instalada.
Os investimentos - não custa lembrar - só darão frutos quando a energia for entregue nos centros consumidores, a tempo de evitar risco de colapso ou de obrigar ao uso de fontes poluidoras de geração, como as das termoelétricas movidas a óleo combustível, diesel ou carvão. E para isso é essencial evitar atrasos nas linhas de transmissão.