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Críticas Construtivas Se todo governante quer, por quê não?!!!

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

O relógio da crise andou
24/03/2011 - O Estado de S.Paulo

O Brasil defende uma saída à egípcia para o conflito na Líbia, revelou o chanceler Antonio Patriota, na aula inaugural do curso de Relações Internacionais da USP, anteontem. "Um processo político que leve a uma transição benigna", foram as cuidadosas palavras que ele escolheu para dizer que Brasília quer a saída do coronel Muamar Kadafi por bem. O chanceler gostaria de ver repetido em Trípoli o acerto que tornou possível a remoção do ditador Hosni Mubarak, sem que ele fosse preso ou obrigado a se exilar, 17 dias depois da chamada Revolução de 25 de Janeiro, quando começou o histórico movimento pela democratização do país.

Comparada à guerra cruenta em que se transformaram os protestos contra a tirania de Kadafi - agravada desde o último fim de semana com os ataques aéreos e marítimos ocidentais em apoio aos revoltosos -, a mudança de regime no Egito foi de fato relativamente benigna: perderam a vida cerca de 400 pessoas, ao passo que do outro lado da fronteira as baixas civis já se contam na casa do milhar. Mas a solução egípcia não pode ser transplantada para a Líbia. No primeiro caso, o ditador capitulou ao se dar conta de que perdera o respaldo do Exército, a força hegemônica no país, e do seu provedor por excelência, os Estados Unidos.

Já Kadafi conservou a lealdade de uma parcela ao menos da elite militar e dos chefes tribais. Essa base de sustentação, somada ao carisma que alimentou ao longo dos anos a fanática devoção dos seus seguidores, o incentivou a reprimir 0 levante com mão de ferro e deu-lhe os meios de empreender uma sequência de contra-ataques contra as posições dos insurretos, a ponto de acuá-los no leste do território. Foi o que, em última análise, motivou a intervenção armada ocidental cujo propósito declarado é salvar vidas civis e cujo alvo indisfarçável é a deposição do tirano. Em nenhum momento, desde a eclosão do que acabaria por se tornar uma guerra civil com participação estrangeira, Kadafi admitiu um desfecho que implicasse transferência de poder.


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Na sua primeira aparição depois do início dos bombardeios, quando se especulava que ele teria fugido para o vizinho Chade, o ditador assomou a um balcão para repetir: "Estou aqui!". E para reiterar que não se renderá, dure o quanto durar o conflito. Salvo uma reviravolta por ora inimaginável, a obstinação de Kadafi esvazia a tese brasileira da "transição benigna". Além disso, o relógio da crise andou. Antes que a França e o Reino Unido, com o beneplácito da Liga Árabe, conseguissem dobrar as reservas do presidente americano, Barack Obama, sobre a interdição do espaço aéreo líbio, talvez ainda houvesse uma fresta para a busca de uma solução negociada da crise. Agora, parece uma miragem.

Isso está longe de desqualificar a posição brasileira como princípio de relações internacionais. Vem de longe o compromisso do País com a prevalência do diálogo sobre qualquer outra alternativa para a superação de contenciosos. Mesmo a imposição de sanções contra Estados transgressores é vista com relutância pela nossa diplomacia. Tendo votado a favor da medida no caso da Líbia e tendo patrocinado a sua suspensão do Conselho de Direitos Humanos da ONU quando se evidenciaram os massacres de Kadafi, o Brasil se absteve de apoiar, por sua amplitude, a resolução que autorizou "todas as medidas necessárias" para deter as atrocidades. Fez bem, mas não adiantou.

Soa cada vez mais frívola a discussão sobre o alcance do mandato concedido pelas Nações Unidas. Embora a resolução exclua a "ocupação" do país, o Ministério da Defesa britânico entende que invasões localizadas são permissíveis. E, embora o documento não autorize ações armadas diretas contra Kadafi, militares americanos dizem que de fato isso não está em cogitação, "a esta altura, precisamente" - ou seja, amanhã é outro dia. As desavenças entre os ocidentais sobre o comando da ofensiva que os Estados Unidos resolveram passar adiante poderão jogar areia nas engrenagens da campanha. Não a farão cessar, porém. O difícil será justificar o seu prosseguimento aos olhos dos parceiros árabes, agora que Kadafi perdeu o controle dos céus líbios, mas não dos seus redutos em Trípoli.

  

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